Preparemos o Natal de
Jesus permanecendo firmes na Esperança!
No
terceiro domingo da caminhada ao encontro do Deus que vem, a santa Palavra nos
pede firmeza. São Tiago insiste:
“Ficai firmes até a vinda do Senhor... Ficai firmes e fortalecei vossos corações,
porque a vinda do Senhor esta próxima!” Trata-se de esperar com fervor e de celebrar
com júbilo os pequenos e sutis, mas também promissores, sinais de vida e de
mudança escondidos nas franjas da história, nos clamores dos pobres e nas
feridas dos místicos e dos profetas. E isso significa também não se
escandalizar com as demoras de Deus e com os meios frágeis que ele escolhe para
se manifestar.
A crise e
o escândalo diante dos sinais frágeis e aparentemente impotentes de Deus se
aninhou até no coração do profeta João Batista e dos discípulos de Jesus.
Estando na prisão, o Profeta que batizava recebe notícias sobre a ação de Jesus
de Nazaré, daquele sobre quem ele vira descer o Espírito de Deus e de quem
esperava ações cortantes como a do machado na raiz das arvores estéreis e a do
fogo na palha que não deu frutos. Mas, por mais que esperasse notícias de
gestos que mostrassem a justiça de Deus, o Profeta do Jordão só ouvia falar de
perdão, acolhida e compaixão solidarias. Seria esse o Messias prometido pelos
profetas e esperado ansiosamente pelo povo, ou a espera deveria continuar?
Também nós,
quando olhamos para aquilo que já é passado, ou quando voltamos nossa atenção
para os frágeis e ambíguos e sinais que a Igreja realiza hoje, perguntamo-nos:
é essa a comunidade a quem Jesus escolheu e confiou sua missão? É ela Sal da
terra e Luz do mundo? E quando contemplamos o mundo, palco de guerras
intermináveis, de violências insuportáveis, de rapinas incomparáveis e de
dominações injustificáveis, perguntamo-nos onde está a força do fermento e da
pequena semente do Reino de Deus, que Jesus anunciou estar próximo e em ação no
meio de nós. O que podemos continuar esperando?
São Tiago
vem em nosso auxilio, convidando-nos a aprender com os agricultores e com os
profetas, nossos mestres. Dos agricultores, ele destaca a espera firme e sem desânimo da chuva sazonal que sempre vem, mesmo quando
atrasa, e garante os frutos. Dos profetas, ele sublinha a capacidade de assumir
o sofrimento por falar com firmeza em nome do Senhor e interpelar o povo à
fidelidade à aliança, ou seja: à solidariedade com os estrangeiros, órfãos e
viúvas, os grupos sociais mais vulneráveis do tempo deles. Portanto, os
profetas são modelos de uma espera ativa, engajada e sempre arriscada.
Jesus
responde às dúvidas do profeta João, e de todos aqueles que não escondem a
frustração diante dos sinais pouco portentosos e merecedores de crédito que
realiza, chamando a atenção para o significado eloquente e para a força
transformadora que neles se esconde. Jesus convida a perceber os cegos
recuperando a vista, os paralíticos voltando a caminhar, os leprosos sendo
reinseridos na convivência social, os surdos ouvindo, os mortos voltando a
viver e os pobres recebendo boas notícias. Isso não é pouco, embora seja apenas
o sinal daquilo que está por vir! Passemos, pois, do escândalo ao júbilo!
Por fim,
Jesus aproveita a ocasião para chamar a atenção dos discípulos para o
testemunho profético de João. Sua atitude firme e corajosa o levou à prisão, o
que não deixa de ser sinal de fragilidade. Aliás, ele viveu assim sua missão:
como um caniço agitado pelo vento, como um homem que se vestia modestamente, como
um verdadeiro e grande profeta que aceitou ser enviado à frente para preparar
caminhos. Também dele, como dos profetas e profetizas do nosso tempo,
aprendemos a permanecer firmes e a sofrer
as consequências de cultivarmos Sonhos que a história não consegue dar à luz...
Em meio a
muitas incertezas, algumas coisas já estão muito claras: Aquele que esperamos
não é o ‘bom velhinho’, promotor de vendas e entregador de presentes; o Paraíso
que buscamos não está localizado no interior dos shoppings centers; e o Governo corrupto, que se instalou em
Brasília, com seus pacotes de maldades, não fazem parte dos sinais da bondade
de Deus. Diante deles, como os profetas, precisamos permanecer firmes, sem nos
importar com as saraivadas de acusações que eles lançam contra nós. Em nome de
Jesus, amigo dos pobres e vítima das maldades de Herodes, não podemos nos
calar!
Deus de bondade, que vês o teu povo perdendo o sono e
a saúde diante de governos que lhe dão as costas, impõem pesados fardos e
convocam a pagar uma conta que não é deles, ajuda-nos a permanecer firmes ao
lado do povo, a confiar na força dos pequenos e a denunciar o cinismo e a
violência dos prepotentes. Tu sabes que este povo toca a vida mesmo sem ter com
quem contar, e espera e prepara com fervor o Natal do Teu Filho. Por isso,
concede-lhe também a graça de chegar às alegrias da libertação profunda e
verdadeira, mesmo que frágil, e celebrá-la sempre com intenso jubilo e graciosa
fraternidade. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
(Profecia de Isaías 35,1-10 * Salmo 145 (146) * Carta de São Tiago
5,7-10 * Evangelho de São Mateus 11,2-11)
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