O QUE É PERDOAR?
A mensagem de Jesus é clara e
retumbante: “Amai os vossos inimigos, fazei bem àqueles que vos odeiam”. É
possível viver nesta atitude? O que se nos está a pedir? Podemos amar o
inimigo? Talvez devamos começar por saber melhor o que significa perdoar.
É importante, em primeiro lugar,
entender e aceitar os sentimentos de ira, rebelião ou agressividade que nascem
em nós. É normal. Estamos feridos. Para não nos magoarmos ainda mais,
precisamos de recuperar o mais possível a paz interior que nos ajuda a reagir
de forma sadia.
A primeira decisão de quem perdoa é não
vingar-se. Não é fácil. A vingança é a resposta quase instintiva que nos nasce
de dentro quando nos feriram ou humilharam. Procuramos compensar o nosso
sofrimento fazendo sofrer aquele que nos fez mal. Para perdoar é importante não
gastar energias imaginando a vingança.
É decisivo, acima de tudo, não
alimentar o ressentimento. Não permitir que o ódio se instale no nosso coração.
Temos direito a que se nos faça justiça; o que perdoa não renuncia aos seus
direitos. Mas o importante é ir sarando do dano que nos fizeram.
Perdoar pode exigir tempo. O perdão não
consiste num ato de vontade, que arranja rapidamente tudo. Em geral, o perdão é
o fim de um processo em que intervêm também a sensibilidade, a compreensão, a
lucidez e, no caso do crente, a fé num Deus de cujo perdão vivemos todos.
Para perdoar é necessário por vezes
partilhar com alguém os nossos sentimentos. Perdoar não significa esquecer o
mal que nos fizeram, mas recordá-lo da forma menos prejudicial para o ofensor e
para nós próprios. O que chega a perdoar volta a sentir-se melhor.
Quem vai entendendo assim o perdão
compreende que a mensagem de Jesus, longe de ser algo impossível e irritante, é
o caminho certo para ir curando as relações humanas, sempre ameaçadas pelas
nossas injustiças e conflitos.
José
Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
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