sexta-feira, 8 de abril de 2022

O Evangelho dominical (Pagola) - Domingo dos Ramos

JESUS MORREU COMO TINHA VIVIDO

Como viveu Jesus as suas últimas horas? Qual foi a sua atitude no momento da execução? Os evangelhos não se detêm a analisar os seus sentimentos. Simplesmente recordam que Jesus morreu como tinha vivido. Lucas, por exemplo, quis destacar a bondade de Jesus até ao fim, a sua proximidade aos que sofrem e a sua capacidade de perdoar. Segundo o seu relato, Jesus morreu amando.

No meio dos gentios que observam a passagem dos condenados a caminho da cruz, algumas mulheres aproximam-se de Jesus chorando. Não podem vê-lo sofrer assim. Jesus volta-se para elas e olha-as com a mesma ternura com que sempre as tinha olhado: “Não choreis por mim, chorai por vós e pelos vossos filhos”. Assim caminha Jesus para a cruz: pensando mais naquelas pobres mães do que no seu próprio sofrimento.

Faltam poucas horas para o final. Desde a cruz só se ouvem os insultos de alguns e os gritos de dor dos outros crucificados. De repente, um deles dirige-se a Jesus: “Lembra-te de mim”. A resposta de Jesus é imediata: “Asseguro-te: hoje estarás comigo no paraíso”. Sempre fez o mesmo: tirar medos, infundir confiança em Deus, contagiar esperança. Assim o continua a fazer até ao fim.

O momento da crucificação é inesquecível. Enquanto os soldados o pregam ao madeiro, Jesus diz: “Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que estão a fazer”. Assim é Jesus. Assim viveu sempre: oferecendo aos pecadores o perdão do Pai, sem que o mereçam. Segundo Lucas, Jesus morre pedindo ao Pai que continue a abençoar aqueles que o crucificam, que continue a oferecer o seu amor, o seu perdão e a sua paz a todos, mesmo aos que o estão a matar.

Não é estranho que Paulo de Tarso convide os cristãos de Corinto a descobrir o mistério que se encerra no Crucificado: “Em Cristo estava Deus reconciliando o mundo consigo, não tendo em conta as transgressões dos homens”. Assim está Deus na cruz: não nos acusando dos nossos pecados, mas sim oferecendo-nos o seu perdão.

José Antônio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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