Estamos celebrando a Semana da Pátria.
Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam.
Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao
discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este
sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de
que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e
acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade
sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo
ainda é cdesprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é
ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda
esperam pela justiça presente e a paz futura. Ontem como hoje, muitos são os
filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos
recordar alguns/mas.
“Terra e mãe, natural liberdade:
é por ti minha luta, pra ti minha lealdade!”
é por ti minha luta, pra ti minha lealdade!”
No dia 7 de fevereiro
de 1756 morria, em São Gabriel (RS), Sepé Tiaraju, índio guerreiro guarani que
se tornou líder das milícias indígenas na batalha contra as tropas
luso-brasileira e espanhola na Guerra Guaranítica.
Esse conflito aconteceu
por conta do Tratado de Madrid (1750), que exigia a retirada da população
guarani que ali vivia fazia 150 anos. A posse da região ainda seria tema do Tratado de Santo Ildefonso (1777) e do Tratado de Badajoz (1801).
Sepé Tiaraju morreu
durante combate contra o exército espanhol na batalha de Caiboaté, na entrada
da cidade de São Gabriel, durante a invasão inimiga às aldeias dos Sete Povos.
Após sua morte, outros 1500 guarani foram mortos.
Nascido em uma data não
conhecida em um dos aldeamentos jesuíticos dos Sete Povos das Missões, Sepé
Tiaraju foi batizado com o nome cristão de Joseph.
Na região, viviam
aproximadamente 30 mil guaranis. Se fossem contabilizados os indígenas do
Paraguai e da Argentina, o total subia para 80 mil.
Os luso-ibéricos tinham
interesse na saída destes povos por conta da extensão das terras e também por
causa do grande rebanho de gado, o maior das Américas, mantido pelos indígenas.
Segundo o Frei Luiz Carlos Susin, Sepé Tiaraju tem algo mais que incomoda. “Ele
pode ser comparado a um São Luiz IX e uma Santa Joana D’Arc para a identidade
da França profunda e moderna, que foram políticos de corpo e alma, sem hesitar
em pegar em armas e incitar à cruzada e à guerra. Tornaram-se divisores de
identidade, incômodos para uns e heróis para outros.”
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