Estamos celebrando a Semana da Pátria.
Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam.
Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao
discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este
sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de
que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e
acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade
sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo
ainda é desprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é
ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda
esperam pela justiça presente e pela paz futura. Ontem como hoje, muitos são os
filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos
recordar alguns/mas.
Josué de Castro
“A verdade é que os povos
chamados subdesenvolvidos já se aperceberam da profunda contradição que existe
entre os preceitos morais de igualdade, fraternidade e humanitarismo, pregados
e defendidos pelos teorizantes da civilização ocidental e a crua e cínica
disputa pelo lucro a que se entregam os grupos mercantilistas dominantes nos
países bem desenvolvidos e industrializados do mundo.”
(Josué de Castro)
(Josué de Castro)
Josué Apolônio de Castro nasceu em 5 de setembro de 1908, em Recife.
Estudou medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, começou a exercer a profissão em
Recife, onde já observava desde pequeno as dificuldades sóciais que sentida na
pele. Era inquieto e, através da medicina, queria encontrar soluções para o
problema da fome no país.
Promoveu o
primeiro inquérito sobre as condições de vida dos operários em Recife, estudo que
serviu de base para outros Estados e que e contribuiu para a fixação de salário-mínimo
e o reconhecimento dos trabalhadores nos anos 30. Em 1935, transferiu-se para o
Rio de Janeiro, com o objetivo de transformar o ensino universitário.
Em 1938, estagiou
no Instituto Bioquímico de Roma e
ministrou cursos nas Universidade de Roma, Nápoles e Gênova. Retornou ao Brasil
em 1939, e começou a lecionar na Faculdade
de Filosofia, Ciências e letras da Universidade do Brasil, atual UFRJ.
Em 1942, foi
eleito Presidente da Sociedade Brasileira
de Nutrição e criou o Serviço de
Alimentação da Previdência Social (SAPS). Tornou-se mundialmente conhecido
ao publicar os livros Geografia da Fome
(1946) e Geopolítica da Fome (1951),
obras traduzidas em 24 idiomas.
Foi eleito
Presidente do Conselho da Organização
para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO). De 1955 a 1963,
exerceu o mandato de Deputado Federal por Pernambuco, pelo Partido Trabalhista
Brasileiro, mas renunciou para assumir o posto de embaixador brasileiro junto à
ONU em Genebra. Demitiu-se durante o golpe militar de 31 de março de 1964,
tendo seus direitos políticos cassados em 9 de abril de 1964. Lutou até a morte
pela Associação Internacional de Luta
contra a Fome. Faleceu em Paris, durante o exílio, em 1973, aos 65 anos de
idade.
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