Acabamos de celebrar a Semana da Pátria.
Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam.
Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao
discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este
sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de
que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e
acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade
sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo
ainda é desprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é
ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda
esperam pela justiça presente e pela paz futura. Ontem como hoje, muitos são os
filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos
recordar alguns/mas.
Zilda Arns
““Como os pássaros, que
cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas,
longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar
de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e
protegê-los.” (Zilda Arns)
Médica especializada em pediatria,
sanitarista e doutora, Zilda Arns Neumann nasceu em 1934,
na cidade de Forquilha, Estado de Santa Catarina. Desde cedo sentia vocação
para a ajudar as pessoas. Foi mãe de cinco filhos.
Foi diretora da Associação
Filantrópica Sara Lattes, onde organizou postos de saúde materno-infantil e
coordenou o treinamento de alunas em magistérios e médicos residentes. Além de
grande profissional na área médica, foi uma grande mãe dona-de-casa,
conciliando a família, o serviço público e o consultório médico que tinha nos
fundos de sua casa; o seu consultório funcionava no final das tardes.
Em 1983, fundou e coordenou
a Pastoral
da Criança, órgão pertencente à Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O órgão tem a missão de trabalhar
contra a mortalidade infantil, numa ideia surgida entre uma conversa de James
Grant, então diretor executivo do Unicef com Dom Paulo Evaristo Arns, irmão de
Zilda, e arcebispo emérito de São Paulo.
A Pastoral da Criança conta com milhares de voluntários que atuam em
diversas comunidades pobres do Brasil. Dão apoio para as gestantes, supervisão
nutricional, informações sobre o aleitamento materno, controle do peso e
crescimento da criança. Há também o controle da diarreia e a prevenção da
reidratação oral.
No dia 13 de janeiro de 2010,
o comando do exército brasileiro no Haiti, confirmou que muitos milititares e
civis brasileiros morreram no terremoto que atingiu o país. Entre as vítimas
estavam a doutora Zilda Arns, de 75 anos de idade. Na ocasião, o presidente
da OAB, Cezar Britto, comparou a doutora Zilda Arns a
Madre Teresa de Calcutá e a Irmã Dulce.
Em suas palavras o presidente
Cezar Britto declarou: “A morte de Zilda Arns, em plena ação missionária, no
Haiti, tem a dimensão trágica e poética do artista que morre em cena. Dedicou
toda a sua vida de médica sanitarista à causa dos desvalidos. Sacrificou a
perspectiva de uma vida regular e confortável, que sua qualificação
profissional lhe permitia, ao nobre ideal de submeter-se ao mandamento cristão
de amar ao próximo como a si mesmo”.
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