Estamos celebrando a Semana da Pátria.
Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam.
Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao
discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este
sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de
que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e
acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade
sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo
ainda é cdesprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é
ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda
esperam pela justiça presente e a paz futura. Ontem como hoje, muitos são os
filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos
recordar alguns/mas.
Nísia Floresta
“Os homens não podendo negar que nós
somos criaturas racionais, querem provar-nos a sua opinião absurda, e os
tratamentos injustos que recebemos, por uma condescendência cega às suas
vontades; eu espero, entretanto, que as mulheres de bom senso se empenharão em
fazer conhecer que elas merecem um melhor tratamento e não se submeterão
servilmente a um orgulho tão mal fundado” (Nísia Floresta).
Considerada pelos historiadores como a primeira jornalista feminina do
Brasil, Nísia Floresta nasceu
em 12 de outubro de 1810, na cidade de Papari, no estado do Rio Grande do Norte.
Também trabalhou como educadora, poetisa e escritora, ficou conhecida pelo
pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. Seu nome verdadeiro era
Dionísia.
Era filha do português Dionísio Gonçalves Pinto e da brasileira Antônia
Clara Freire, casou-se duas vezes. Se casou pela primeira vez aos 13 anos de
idade, se separando meses depois. De volta para a casa dos pais, mudou-se com a
família para Pernambuco.
Em 17 de agosto de 1828, começou a viver com Manuel Augusto de Faria Rocha,
acadêmico em Direito. Em 1830, teve a sua filha Lívia Augusta. Em 1831, começou
a escrever no jornal Espelho das Brasileiras,
impresso de propriedade do francês Adolphe Emille de Bois Garin.
O jornal era feito para as senhoras pernambucanas, e durante 30 edições
Nísia abordava sobre as condições de vida das mulheres em diferentes culturas.
Em 1832, publicou seu primeiro livro “Direitos das mulheres e injustiça dos
homens”, no mesmo ano muda-se com o marido e a filha para a cidade Porto
Alegre, Rio Grande do Sul.
Em 12 de janeiro de 1833, teve o segundo filho, Augusto Américo. Em Porto
Alegre lança a segunda edição de seu livro. No mesmo ano, fica viúva com dois
filhos para criar. Em 1837, foge do agito da Revolução Farroupilha, e se muda
para o Rio de Janeiro.
No Rio, funda o “Colégio Augusto” e lança a terceira edição de seu livro.
Em 1842, lança “Conselhos à minha filha”, em homenagem a sua filha Lívia, obra
que viria a receber reedições e traduções. Em 1849, viaja para a Europa com os
dois filhos, mesmo estando em Paris, o seu romance “Dedicação de uma amiga” é
lançado em Niterói.
Em 1852, retorna ao Brasil, e no ano seguinte lança “Opúsculo humanitário”.
Em 1855, sua nova obra “Páginas de uma vida obscura” é publicada em oito
capítulos no jornal O Brasil Ilustrado.
Novos artigos e obras seriam publicadas no mesmo jornal, como “O Pranto Filial”
em 31 de março de 1856.
Nesse período fecha o Colégio Augusto e começa a trocar cartas com o
filósofo Augusto Comte. O filósofo morreria em 1857, nesse período obras da
escritora são traduzidas para a Europa.
A escritora morreu em 24 de abril de 1885, aos 75 anos, na França, depois de
sofrer de pneumonia, tendo seus restos mortais transferidos em 1954 para o Rio
Grande do Norte, na antiga cidade de Papari, atual cidade Nísia Floresta.
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