Estamos celebrando a Semana da Pátria.
Como sempre, os riscos de um patroitismo ingênuo, seletivo xenófobo nos rondam.
Não podemos esquecer que o brado retumbante do povo heróico não se resume ao
discutível grito de Dom Pedro. Outros sonharam a liberdade, sofreram por este
sonho, e prepararam a terra com as próprias mãos e o próprio sangue a fim de
que ela germinasse. Os raios fúlgidos do sol da liberdade brilharam aqui e
acolá, mas continuam ameaçados por temporais diversos. O penhor da igualdade
sonhada continua sendo desafio. A pátria é amada e até idolatrada, mas o povo
ainda é desprezado. O Brasil da igualdade, da justiça e da sustentabilidade é
ainda, em grande parte, um sonho intenso. As poucas glórias do passado ainda
esperam pela justiça presente e pela paz futura. Ontem como hoje, muitos são os
filhos e filhos desta mãe gentil que não fogem à luta. Entre tantos, vamos
recordar alguns/mas.
Herbert de Sousa
“O
desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos
fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade.” (Betinho)
Herbert José de Souza,
ou Betinho, nasceu em
3 de novembro de 1935, na cidade de Bocaiúva, Minas Gerais. Irmão do cartunista
Henfil e do músico Chico Mário, era de uma família de oito irmãos. Seu pai
trabalhava numa penitenciária. Nos primeiros dias de vida foi acometido de
hemofilia.
Estudou sociologia na
Universidade de Minas Gerais, formando-se em 1962. Trabalhou no Ministério da Educação e Cultura e na
Secretaria da Reforma Agrária. Durante o golpe militar exilou-se no Uruguai. Quando
retornou, conseguiu emprego como operário, na cidade paulista de Mauá.
Retornou ao exílio em 1971,
morou no Chile, onde lecionou na Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais
e trabalhou com o presidente Salvador Allende.
Fugiu da ditadura chilena, morou no Canadá e no México. Formou-se doutor
na Universidade do México. Em 1979, retornou ao Brasil e, em 1981, fundou o
IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) . Em 1990,
liderou o movimento Terra e Democracia que lutava pela democratização da terra.
Nesta época, já lutava contra
o HIV, adquirido em 1985, em transfusões de sangue no tratamento da hemofilia. Entre
1986 e 1997 dirigiu a ABIA, para defender os portadores do vírus da AIDS. Em
1992, liderou movimento político pelo impeachment
do Collor.
Em 1993, foi eleito pelo Jornal do
Brasil como o “homem de idéias do ano”. Faleceu em 9 de agosto de 1997, aos
61 anos, em sua casa no bairro de Botafogo.
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