ANTES QUE SEJA TARDE...
Mateus escreveu o seu evangelho num tempo histórico no qual os/as seguidores/as de Jesus viviam um momento crítico. A vinda de Cristo foi-se atrasando. A fé de
muitos/as deles/as foi-se relaxando. Era necessário reavivar de novo a
primeira conversão recordando uma parábola de Jesus.
O relato do evangelho de hoje nos fala de uma festa
de casamento. Um grupo de jovens cheias de alegria «saem à espera do esposo»
que voltava da festa de casamento. Nem todas estão bem preparadas. Algumas
levam consigo óleo para acender as suas tochas; as outras não pensaram nisso.
Acreditam que basta levar tochas nas mãos.
Como o esposo demora em chegar, «todas cedem ao
sono e adormecem». Os problemas começam quando se anuncia a chegada do esposo.
As jovens precavidas acendem as suas tochas e entram com ele no banquete. As jovens
desatentas veem-se obrigadas a sair para comprar óleo. Quando voltam, «a
porta está fechada». É demasiado tarde.
Não adianta procurar um significado secreto para o
óleo. Será uma alegoria para falar do fervor espiritual, da vida interior, das
boas obras, do amor? A parábola é
simplesmente uma convocação viver a adesão a Cristo de forma responsável e
lúcida, agora mesmo, antes que seja tarde. Cada um/a de nós saberá o que é
que deve cuidar com mais atenção.
É uma
irresponsabilidade que nos chamemos cristãos e vivamos a religião sem
fazer qualquer esforço para nos parecermos com Jesus. É um erro viver em auto
complacência na própria Igreja, sem considerar a necessidade de uma verdadeira
conversão aos valores evangélicos. É próprio de pessoas inconscientes sentirmo-nos
seguidores de Jesus sem entrar no projeto de Deus, que ele quis colocar em
marcha.
Neste momento que vivemos – de crises e confrontes generalizados, de
intolerância e violência, de isolamento e indiferença – quando é tão fácil
relaxar, cair no ceticismo e simplesmente «ir andando» pelos mesmos caminhos de sempre, só vejo uma maneira de continuar responsavelmente
na Igreja: convertendo-nos a Jesus Cristo.
José
Antonio Pagola
Tradução
de Antonio Manuel Álvarez Perez
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