quinta-feira, 8 de setembro de 2022

O Evangelho dominical (Pagola) - 11.09.2022

A MELHOR IMAGEM DE DEUS

 

A parábola mais conhecida de Jesus, e talvez a mais repetida, é a chamada parábola do bom pai. Os que ouviram pela primeira vez esta parábola inesquecível sobre a bondade de um pai preocupado apenas com a felicidade de seus filhos teriam percebido isso?

Sem dúvida, desde o início, eles ficaram perplexos. Que tipo de pai era este que não impunha a sua autoridade sobre os filhos? Como podia consentir na falta de vergonha de um filho que lhe pediu para distribuir a herança antes de morrer? Como podia dividir sua propriedade, colocando em risco o futuro da família?

Jesus os desconcertou ainda mais quando começou a falar das boas-vindas do pai ao filho que voltava para casa faminto e humilhado. Ainda longe, o pai correu ao seu encontro, abraçou-o com ternura, beijou-o efusivamente, interrompeu a sua confissão e apressou-se a recebê-lo como filho amado em sua casa.

Os ouvintes não podiam acreditar. Aquele pai havia perdido a dignidade. Ele não agia como patrono e patriarca de uma família. Sua atitude estava mais perto da postura de uma mãe tentando proteger e defender seu filho da vergonha e da desonra.

Mais tarde, saiu também ao encontro do filho mais velho. Ele ouviu pacientemente suas acusações, falou-lhe com especial ternura e o convidou para a festa. Só queria ver seus filhos sentados na mesma mesa, compartilhando um banquete festivo.

O que estava sugerindo Jesus? É possível que Deus seja assim? Como um pai que não guarda sua herança para si, que não é obcecado pela moralidade de seus filhos e que, quebrando as regras daquilo que era costume, busca uma vida feliz para eles? Será esta a melhor metáfora de Deus: um pai acolhendo de braços abertos os perdidos e suplicando aos que lhe são fiéis que acolham a todos com amor?

Durante vinte séculos, os teólogos elaboraram discursos profundos sobre Deus, mas não é esta metáfora de Jesus ainda hoje a melhor expressão do seu mistério?

José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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