sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Dai-nos a bênção, ó mãe querida, nossa senhora Aparecida!

Dai-nos a bênção, ó mãe querida, nossa senhora Aparecida! | 500 | 12.10.2024 | João 2,1-11

Este casamento narrado por João é um entre tantos casamentos que aconteciam no tempo de Jesus, e Caná é um lugar insignificante. Mas Jesus, seus discípulos, seus parentes e sua mãe estavam lá, e isso confere notável importância à cena e ao lugar. Tudo anda dento do previsto até que a mãe de Jesus percebe a carência que ninguém percebia, e avisa o filho. Seu olhar é justo e adequado, e não manifesta desprezo, ironia ou crítica aos organizadores da festa.

Notar que o vinho acabou significa perceber a esterilidade da velha aliança e o esgotamento da força salvadora do templo. Significa revelar que a crise entre o povo e Deus chegara ao seu ápice. Na observação de Maria ressoa a voz desolada de um povo inteiro que percebe que a alegria da aliança está se exaurindo e as lideranças religiosas de judaísmo não se dão conta. Respondendo à mãe com o substantivo “mulher”, Jesus parece não dar importância pública aos laços de parentesco.

Maria é uma mulher totalmente seduzida pelo mistério de Deus e pela novidade revolucionária do seu Reino. A ele e à sua vontade havia dado seu consentimento quando da anunciação do anjo Gabriel. Ela nos ensina que, para ser discípulo/a de Jesus, é necessário aderir a ele, aprender com ele, e fazer o que ele pede. É preciso passar da nossa vontade limitada e mesquinha à vontade de Deus, permitir que nossa vida seja radicalmente transformada.

Atendendo à sugestão da mãe, Jesus lança mão de seis jarras de pedra (imagem que nos remete à Lei e aos seis dias da criação), mas ele mesmo aparentemente não faz nada. São os serventes fazem sem demora e sem questionamentos o que Jesus pede, e a água acaba misteriosamente transformada em vinho. Nesse acontecimento, Jesus se revela como o verdadeiro noivo, e é a humanidade inteira que se beneficia das antigas promessas. Em Jesus, Deus faz uma aliança nova e indestrutível com a humanidade e comunica a ela a vida abundante.

Maria é mediadora desse milagre que garante a continuidade da festa da vida. Esse papel mediador de Maria é confirmado em todas as suas manifestações reconhecidas pela Igreja. Assumindo a pele negra dos africanos escravizados no Brasil de ontem, e dos excluídos do Brasil de hoje, Maria proclama, eloquentemente a dignidade deles. E ainda hoje convoca o povo brasileiro a se unir em torno da defesa das pessoas e grupos sociais marginalizados ou abandonados nas encruzilhadas do progresso.

 

Meditação:

§  O que Maria disse silenciosamente ao Brasil que escravizava os negros quando encontraram sua imagem de cor negra?

§  O que Maria está dizendo hoje, quando a indiferença, intolerância e a violência contra negros, indígenas, migrantes e outras minorias reaparecem ameaçadoras?

§  Daquilo que Jesus fez e pede que façamos, o que é indispensável para resgatar a dignidade dos marginalizados e oprimidos?

Nenhum comentário: