Dai-nos a
bênção, ó mãe querida, nossa senhora Aparecida! | 500 | 12.10.2024 | João 2,1-11
Este casamento narrado por João é um entre tantos
casamentos que aconteciam no tempo de Jesus, e Caná é um lugar insignificante.
Mas Jesus, seus discípulos, seus parentes e sua mãe estavam lá, e isso confere
notável importância à cena e ao lugar. Tudo anda dento do previsto até que a
mãe de Jesus percebe a carência que ninguém percebia, e avisa o filho. Seu
olhar é justo e adequado, e não manifesta desprezo, ironia ou crítica aos
organizadores da festa.
Notar
que o vinho acabou significa perceber a esterilidade da velha aliança e o
esgotamento da força salvadora do templo. Significa revelar que a crise entre o
povo e Deus chegara ao seu ápice. Na observação de Maria ressoa a voz desolada
de um povo inteiro que percebe que a alegria da aliança está se exaurindo e as
lideranças religiosas de judaísmo não se dão conta. Respondendo à mãe com o
substantivo “mulher”, Jesus parece não dar importância pública aos laços de
parentesco.
Maria
é uma mulher totalmente seduzida pelo mistério de Deus e pela novidade
revolucionária do seu Reino. A ele e à sua vontade havia dado seu consentimento
quando da anunciação do anjo Gabriel. Ela nos ensina que, para ser discípulo/a
de Jesus, é necessário aderir a ele, aprender com ele, e fazer o que ele pede.
É preciso passar da nossa vontade limitada e mesquinha à vontade de Deus,
permitir que nossa vida seja radicalmente transformada.
Atendendo
à sugestão da mãe, Jesus lança mão de seis jarras de pedra (imagem que nos
remete à Lei e aos seis dias da criação), mas ele mesmo aparentemente não faz
nada. São os serventes fazem sem demora e sem questionamentos o que Jesus pede,
e a água acaba misteriosamente transformada em vinho. Nesse acontecimento,
Jesus se revela como o verdadeiro noivo, e é a humanidade inteira que se
beneficia das antigas promessas. Em Jesus, Deus faz uma aliança nova e
indestrutível com a humanidade e comunica a ela a vida abundante.
Maria é mediadora desse milagre que garante a
continuidade da festa da vida. Esse papel mediador de Maria é confirmado em
todas as suas manifestações reconhecidas pela Igreja. Assumindo a pele negra
dos africanos escravizados no Brasil de ontem, e dos excluídos do Brasil de
hoje, Maria proclama, eloquentemente a dignidade deles. E ainda hoje convoca o
povo brasileiro a se unir em torno da defesa das pessoas e grupos sociais
marginalizados ou abandonados nas encruzilhadas do progresso.
Meditação:
§ O
que Maria disse silenciosamente ao Brasil que escravizava os negros quando
encontraram sua imagem de cor negra?
§ O
que Maria está dizendo hoje, quando a indiferença, intolerância e a violência
contra negros, indígenas, migrantes e outras minorias reaparecem ameaçadoras?
§ Daquilo
que Jesus fez e pede que façamos, o que é indispensável para resgatar a
dignidade dos marginalizados e oprimidos?
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