terça-feira, 8 de outubro de 2024

Venha a nós o vosso Reino!

Pai nosso! Venha a nós o vosso Reino, e dai-nos o pão de cada dia! | 497 | 09.10.2024 | Lucas 11,1-4

Um princípio importante que ajuda a interpretar corretamente o sentido de uma cena ou texto do Evangelho é situá-lo no contexto literário no qual aparece inserido. A cena de hoje, na qual Jesus é interpelado a ensinar seus discípulos a rezar, está situada na sua subida a Jerusalém, onde se daria o confronto definitivo com seus opositores e onde acabaria condenado e executado.

Na busca de uma fidelidade serena e perseverante à vontade do Pai, que ama a humanidade e, em tudo, dá prioridade aos pequenos, Jesus sente necessidade de assegurar espaços de intimidade com ele. A prática da oração cria e cultiva esse espaço. E Jesus a exercita, não como um mestre que quer ensinar, mas como um enviado que deseja cumprir fielmente e generosamente a vontade do Pai num ambiente que se torna cada vez mais hostil e perigoso.

Por isso, em resposta ao pedido dos discípulos, Jesus compartilha o horizonte da sua oração e o seu modo de rezar, centrado na realização da vontade do Pai e na expectativa do seu Reino. Não é uma oração que traz as marcas do medo e da ansiedade, nem uma oração para pedir pequenas coisas e grandes caprichos, mas uma oração que amplia o horizonte do desejo, fazendo-o coincidir com o desejo do Pai. Jesus não nega o desejo humano, mas lhe dá dimensões infinitas.

A oração cristã, aquela praticada e ensinada por Jesus, começa com o ardente desejo de que o Nome do Pai seja santificado, não seja profanado nem usado como desculpa para a indiferença ou justificativa para a opressão. Depois, insiste na única coisa necessária, no tesouro que as traças não corroem, na pérola que vale todos os campos: “Venha a nós o vosso Reino”! É na esteira da busca do Reino de Deus que recebemos tudo o mais, e que nos livramos dos pequenos caprichos e limitados desejos.

Mantendo-se nesse horizonte iluminador e orientador, a oração cristã recolhe e apresenta ao Pai três pedidos, três necessidades humanas prioritárias e tão importantes não é possível atendê-las sem a ajuda dele: o alimento cotidiano na mesa de todos; o perdão dos pecados como dinamismo para perdoar os semelhantes; a força para não cair na tentação de buscar outros reinos, de servir a outros senhores, de abandonar o sonho do Pai. Nada de pedidos egoístas e infantis, ou de coisas cuja realização está ao nosso alcance.

 

Meditação:

§  Releia e procure compreender com profundidade, a atitude essencial e os pedidos nucleares da oração ensinada por Jesus

§  Como vai sua vida de oração, qual é o conteúdo predominante nas suas súplicas, louvores e intercessões?

§  A realização do Reino de Deus mediante a partilha do pão, o perdão e a superação das tentações, está no centro da sua oração?

2 comentários:

Anônimo disse...

Gosto tanto de suas reflexões

Anônimo disse...

Amém 🙏🙏