Deus cuida
dos pequeninos, e a figura do Anjo da Guarda confirma isso | 490 | 02.10.2024 | Mateus
18,1.5-10
O calendário litúrgico da Igreja
católica nos convida a celebrar hoje a festa dos Santos Arcanjos Miguel,
Gabriel e Rafael. Segundo a doutrina católica, os anjos e arcanjos existem
realmente, e são servidores e comunicadores de Deus (cf. Catecismo 328-329).
Santo Agostinho, por sua vez, nos ensina que o substantivo “anjo” designa mais
uma tarefa ou uma ação (uma missão) do que um ser ou uma natureza.
No Antigo Testamento, o substantivo hebraico mal’ak
designa o mensageiro de Javé, aquele que fala e age em nome dele, e não
distingue claramente esse mensageiro do próprio Javé. A bíblia oscila entre a
ideia do anjo como personalização da presença e da ação divinas e a de um ser
autônomo. Mesmo fazendo parte da doutrina da Igreja católica, os anjos e
arcanjos não fazem parte da nossa profissão de fé (Credo).
Mateus nos oferece diversas catequeses que Jesus
dedica aos seus discípulos, a caminho para Jerusalém (cf. Mt 16-18). São
orientações fundamentais para que a comunidade cristã viva um estilo de vida
alternativo, testemunhando assim a força transformadora do Evangelho. A
tentação do elitismo e do autoritarismo rondam a comunidade dos discípulos de
Jesus desde sempre. A pergunta sobre quem é o maior no Reino de Deus o
demonstra, e a resposta de Jesus quer cortá-la pela raiz. Para ilustrar a
virada radical do Reino, Jesus recorre à figura da criança.
Aqui, a criança não é apenas sinal de inocência,
mas de fragilidade, insignificância e marginalidade. Para Jesus, elas são o
retrato perfeito da comunidade cristã, que nasceu para viver nas margens e
ensaiar uma vida alternativa ao judaísmo e ao império romano. E a ideia do anjo
da guarda vem, de alguma forma, confirmar o cuidado de Deus por ela. Esse
estilo de vida é contracorrente, precisa ser aprendido e exercitado, e isso é
exigente. Como as crianças, os discípulos de Jesus são preciosos aos seus
olhos, são importantes por serem pequenos, e as autoridades cristãs tem o dever
de protege-los. Eles podem se perder, e se tornar mais frágeis ainda.
O Pai não quer que nenhum deles se perca, e a comunidade deve assumir
esse cuidado em nome de Deus. Por sua vez, os discípulos devem confiar totalmente
na acolhida que o Pai suscita nas pessoas e povos aos quais forem enviados. Não
somos grandes ou importantes pela origem, pela riqueza, pela educação, pela
profissão, função ou pelo poder que exercemos, mas porque somos filhos amados
do Pai e portadores do tesouro do Reino.
Meditação:
·
Você
percebe as ambições e expectativas de reconhecimento e precedência que às vezes
se insinuam nos seus trabalhos?
·
Como
você se sente em relação à condição liminar (margem, insignificância,
despojamento) dos discípulos de Jesus?
·
Você tem
conseguido se exercitar na confiança no cuidado do Pai e na hospitalidade na
sua prática comunitária e pastoral?
Nenhum comentário:
Postar um comentário