sábado, 12 de outubro de 2024

Como é difícil abrir mão das seguranças!

Como é difícil abrir mão das seguranças para seguir a Jesus! | 501 | 13.10.2024 | Marcos 10,17-27

Ao que parece, não falta fervor religioso ao jovem anônimo que protagoniza o evangelho de hoje: ele corre ao encontro de Jesus, ajoelha-se diante dele, chama-o de bom mestre. Mas também parece inexperiente em termos de estradas, lugar preferido de Jesus, pois frequentara apenas os genuflexórios: acha que tem cumprido tudo direitinho. Jesus “joga um balde de água fria” no fervor superficial e no orgulho oculto daquele homem. “Só Deus é bom, e ninguém mais”.

Para este homem piedoso e rico, como saberemos no final do relato, a fé não é um caminho a ser percorrido, mas um porto seguro já alcançado, uma aquisição garantida pela moeda da piedade superficial e do cumprimento de leis e normas mesquinhas. Nem mesmo a referência de Jesus ao mandamento de não roubar, caminho para a riqueza de muitos, consegue inquietá-lo. É a típica pessoa que tem a consciência absolutamente tranquila.

Jesus percebe nele uma grande ausência lacuna: “Falta só uma coisa para você fazer: vá, venda tudo, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. As práticas de piedade e o cumprimento dos mandamentos não atingem sua meta enquanto não nos abrem à partilha e à solidariedade e não nos colocam no caminho do discipulado. O Papa Francisco nos lembra que “há periferias que estão muito próximas de nós”, e nós não queremos ver.

Pedindo ao jovem rico que venda seus bens, Jesus não está propondo a pobreza como tal, como se lhe agradasse um estilo de vida miserável. Ele está pedindo que os bens cumpram sua finalidade legítima: atender solidariamente às necessidades das pessoas humanas, e nada mais. E isso é condição para que ele que ele saia de si mesmo para as periferias que estão sob seu nariz.

Diante das palavras de Jesus, o homem vai embora abatido e triste. Seu desejo de uma vida madura e profunda não é tão forte quanto o amor pelos bens que acumulou. Essa atitude deixa Jesus desconsolado: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” E acrescenta, para escândalo dos discípulos: “É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus!” Resta-nos pedir ao Pai que aumente o buraco da agulha ou diminua nossos apegos.

 

Meditação:

·        Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada gesto e a cada palavra, tanto as de Jesus como as do home rico

·        Não ocorre também hoje considerar as elites como mais abençoadas, exemplares e dignas de serem imitadas?

·        Como nos aproximamos de Jesus: ostentando nossos méritos e perfeições, sem consciência das nossas carências e desejos?

·        Como assimilar na vida e na missão essa oposição excludente seguir Jesus e não se importar com as necessidades dos pobres?

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