Como é
difícil abrir mão das seguranças para seguir a Jesus! | 501 | 13.10.2024 | Marcos
10,17-27
Ao que parece,
não falta fervor religioso ao jovem anônimo que protagoniza o evangelho de hoje:
ele corre ao encontro de Jesus, ajoelha-se diante dele, chama-o de bom mestre. Mas
também parece inexperiente em termos de estradas, lugar preferido de Jesus, pois
frequentara apenas os genuflexórios: acha que tem cumprido tudo direitinho. Jesus
“joga um balde de água fria” no fervor superficial e no orgulho oculto daquele
homem. “Só Deus é bom, e ninguém mais”.
Para este homem piedoso e rico, como
saberemos no final do relato, a fé não é um caminho a ser percorrido, mas um
porto seguro já alcançado, uma aquisição garantida pela moeda da piedade superficial
e do cumprimento de leis e normas mesquinhas. Nem mesmo a referência de Jesus ao
mandamento de não roubar, caminho para a riqueza de muitos, consegue
inquietá-lo. É a típica pessoa que tem a consciência absolutamente tranquila.
Jesus percebe nele uma grande ausência
lacuna: “Falta só uma coisa para você fazer: vá, venda tudo, dê o dinheiro aos
pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. As práticas de
piedade e o cumprimento dos mandamentos não atingem sua meta enquanto não nos
abrem à partilha e à solidariedade e não nos colocam no caminho do discipulado.
O Papa Francisco nos lembra que “há periferias que estão muito próximas de nós”,
e nós não queremos ver.
Pedindo ao jovem rico que venda seus
bens, Jesus não está propondo a pobreza como tal, como se lhe agradasse um
estilo de vida miserável. Ele está pedindo que os bens cumpram sua finalidade
legítima: atender solidariamente às necessidades das pessoas humanas, e nada
mais. E isso é condição para que ele que ele saia de si mesmo para as
periferias que estão sob seu nariz.
Diante das
palavras de Jesus, o homem vai embora abatido e triste. Seu desejo de uma vida
madura e profunda não é tão forte quanto o amor pelos bens que acumulou. Essa
atitude deixa Jesus desconsolado: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino
de Deus!” E acrescenta, para escândalo dos discípulos: “É mais fácil passar um
camelo pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus!” Resta-nos
pedir ao Pai que aumente o buraco da agulha ou diminua nossos apegos.
Meditação:
·
Releia o texto e contemple a cena, procurando dar atenção a cada
gesto e a cada palavra, tanto as de Jesus como as do home rico
·
Não ocorre também hoje considerar as elites como mais abençoadas,
exemplares e dignas de serem imitadas?
·
Como nos aproximamos de Jesus: ostentando nossos méritos e
perfeições, sem consciência das nossas carências e desejos?
·
Como assimilar na vida e na missão essa oposição excludente seguir
Jesus e não se importar com as necessidades dos pobres?
Nenhum comentário:
Postar um comentário