Estejamos
abertos às surpresas libertadoras de Deus em nossa vida | 502 | 14.10.2024 | Lucas
11,29-32
A missão de Jesus
provocava controvérsias. Seus opositores, em nome da religião oficial, diziam
que, para curar doentes e possessos, ele fazia aliança com a Diabo. Jesus se defendia
recorrendo a parábolas. Em meio a isso, alguém elogiou sua mãe por ter trazido
ao mundo alguém tão especial, e Jesus reagiu afirmando que a verdadeira honra
pertence a quem ouvem e praticam a Palavra de Deus.
Diante rejeição e
do fechamento de alguns, especialmente dos líderes religiosos, à Boa Notícia do
Reino de Deus, e diante do insistente pedido deles para que apresentasse suas
credenciais de enviado de Deus realizando sinais capazes de impressionar, Jesus
declara: “Esta geração é uma geração perversa”. E se recusa a transformar o
Reino de Deus em espetáculo operando sinais grandiosos que provocassem medo e
aumentassem seu poder.
Jesus diz que o
sinal do profeta Jonas continua em vigor, e vale para seus interlocutores: um
apelo forte e inequívoco à mudança de atitudes e interesses, voltando-se de
coração a Deus e sua vontade e servindo ao próximo e suas necessidades. E mais
ainda: Jesus se apresenta ele mesmo como sinal, e suas ações como credenciais,
de modo que aqueles que não reconhecem na sua compaixão pelos vulneráveis o
sinal da ação de Deus estão fechando os olhos e dando as costas a Deus.
Numa postura
claramente provocativa, Jesus afirma que os piedosos judeus que o rejeitam são
piores que os pagãos que eles tanto desprezam. Enquanto uma rainha pagã foi
capaz de reconhecer a sabedoria de Salomão, e enquanto o povo pagão de Nínive
aceitou a pregação de Jonas, em nome de uma imagem de Deus que eles mesmos
criaram, eles desprezam o Filho do Homem, que é maior que Salomão e que Jonas.
Jesus transforma os pagãos em mestres dos judeus!
Precisamos também nós aprender que
prefere manifestar-se de modo discreto, com sinais pequenos, mas eloquentes, e
até na contramão das avenidas iluminadas e mais transitadas: na compaixão pelos
pequenos, na doação de si mesmo num amor incondicional e sem medidas, na
comunhão com os últimos, na acolhida e no perdão aos pecadores, na morte na
cruz. Não é um milagre de Deus que desperta a fé e provoca nossa conversão,
pois a fé e a conversão sempre precedem o milagre.
Meditação:
§ Será que estamos sendo capazes de acolher e
valorizar os gestos e iniciativas humanitárias de gente de outros grupos e
religiões?
§ Poderíamos afirmar sem medo de errar que temos
levado sempre a sério a nossa conversão ao Evangelho do Reino de Deus?
§ Somos capazes de identificar na compaixão
transformadora e amorosa de Jesus o sinal mais eloquente de sua divindade?
§ Ou ainda somos tentados a pedir e esperar sinais
espetaculares de Deus para mudar as coisas que estão ruins?
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