Ide anunciar
minha paz sem olhar para trás, pois estarei convosco! | 491 | 03.10.2024 | Lucas
10,1-12
O texto do evangelho hoje, sugerido
para a memória de André Soveral e companheiros (martirizados no Brasil pelos
calvinistas holandeses em Natal no ano de 1645) vem a calhar para o início do
mês missionário. Jesus envia um grupo de 72 discípulos para o precederem em
todos os lugares para onde ele iria mais tarde, e para antecipar sua missão.
Eles não são apenas uma espécie de “batedores”, que anunciam e abrem alas para
a chegada do personagem esperado, mas verdadeiros protagonistas da missão, como
Jesus e como o grupo dos 12 apóstolos.
Este grupo ampliado de discípulos missionários não
substitui, nem simplesmente suplementa, o que os Doze Apóstolos não conseguem
fazer. É um envio estável, paralelo e complementar ao grupo dos Doze, com uma
missão específica e duradoura. Enquanto os Doze apóstolos são enviados
prioritariamente aos judeus, este novo coletivo de discípulos missionários é
enviado a todos os povos!
A imagem da colheita – quando chega seu tempo, não
se pode demorar ou postergar o trabalho! – sublinha a urgência dessa missão. O
conteúdo do anúncio não poderia ser mais claro: “O Reino de Deus está próximo
de vocês!” E este anúncio é para todos os povos, e não apenas para os judeus e
as pessoas justas. E é boa notícia, sem pedágio, para quem, por alguma razão, é
menosprezado ou marginalizado!
Como a colheita, essa missão, que convoca e envia
muitos, é real, concreta e necessária. Trata-se de anunciar a Boa Notícia do
Reino de Deus e de libertar ou reabilitar as pessoas. Dizer “paz a esta casa”
não é saudação protocolar ou palavra vazia, mas convite eficaz à felicidade e à
alegria já no presente, fruto do reinado de Deus em ação. É bem mais que
desejar “a paz de Jesus”. André Soveral e seus companheiros testemunham que
esta paz compartilhada, testemunhada e anunciada pode levar alguns a perder a
paz.
Jesus apresenta também uma espécie de
cartilha para orientar a ação missionária. A rejeição e a perseguição dão o tom
da missão, e estarão sempre na sua agenda; a imagem do cordeio no meio dos
lobos deixa isso claro! Os enviados devem partir desarmados e expostos,
confiando unicamente em Deus e nos interlocutores. A casa (e não o templo!) é o
ponto de apoio da missão, e a pobreza de recursos não é uma dificuldade, mas a
garantia da autenticidade do anúncio.
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, tendo diante dos olhos a missão que você desenvolve na
Igreja e na sociedade
§ Que
palavras ou afirmações iluminam e questionam mais fortemente sua missão e a
missão da Igreja?
§ Santa
Teresinha desejava fazer tudo ou assumir todas as vocações na Igreja, mas
descobriu que vivendo o amor faria tudo... O que isso nos ensina e nos provoca
hoje?
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