Precisamos
reconhecer e não desperdiçar a hora da graça | 514 | 26.10.2024 | Lucas 13,1-9
No evangelho que
meditamos ontem Jesus nos dizia que deseja ardentemente que o fogo do Espírito
se espalhe em toda a terra, mesmo que isso provoque algumas rupturas. Ele dá a
entender que o tempo urge, e a última possibilidade para refazer as relações de
fraternidade é aqui e agora. A reconciliação com os adversários ainda a caminho
do tribunal é sinal de sabedoria, e não de fraqueza.
No trecho que meditamos
hoje, o ensino de Jesus é motivado por duas violentas tragédias, bem conhecidas
dos seus contemporâneos. A primeira, ocorrida a pouco e comunicada a Jesus
naquele momento por algumas pessoas, é a violenta repressão desencadeada por
Pilatos sobre um grupo de galileus, no interior do próprio templo sagrado. A
segunda, que o próprio Jesus acrescenta, reforçando a primeira chamando a
atenção dos seus ouvintes, havia acontecido anteriormente: a queda acidental de
uma torre de guarda sobre algumas pessoas.
Jesus parte destes dois
acontecimentos para corrigir uma visão parcial e errônea dos seus discípulos e
demais contemporâneos, e para chamar todos à conversão ao Reino de Deus. Muita
gente via acontecimentos semelhantes como a punição de Deus reservada aos
pecadores. Por isso, a pergunta incisiva de Jesus: “Vós pensais que esses
galileus eram mais pecadores do que todos os outros? Pensais que eram mais
culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém?”
Jesus quer desfazer
a ideia de que as vítimas são as culpadas, e lê estes acontecimentos numa
perspectiva profética: precisamos perceber neles um chamado à mudança de vida e
de mentalidade. “Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo
modo”, repete Jesus, como um refrão. Trata-se de “fazer as pazes”, ou de viver
de modo fraterno e solidário com as pessoas que consideramos culpáveis e
condenáveis, enfim, com nossos inimigos.
Mas isso deve ser feito sem nenhuma demora, com senso de
urgência. Deus tem paciência com quem não produz frutos, mas ele tem seu
calendário! À figueira estéril, que persistia sem frutos, ele dá só mais um
ano! Ele cuida e trata com atenção e delicadeza, mas não é bobo. Aprendamos a
contar nossos dias, não percamos a hora da graça, não deixemos para amanhã os
passos que podemos dar hoje.
Meditação:
· Você
percebe, em você, na sua família e na sua comunidade, a velha ideia de que as
tragédias são castigos de Deus?
· Quais
são as consequências pessoais e eclesiais da afirmação de que ninguém é mais
pecador que ninguém?
· Será
que, num certo sentido, alguns grupos religiosos atuais não estão presos à
mesma mentalidade que Jesus reprova neste texto?
· O que
fazer para levar a sério a parábola dos adversários que precisam fazer as pazes
antes de chegar ao tribunal?
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