sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Precisamos reconhecer e não desperdiçar a hora da graça

Precisamos reconhecer e não desperdiçar a hora da graça | 514 | 26.10.2024 | Lucas 13,1-9

No evangelho que meditamos ontem Jesus nos dizia que deseja ardentemente que o fogo do Espírito se espalhe em toda a terra, mesmo que isso provoque algumas rupturas. Ele dá a entender que o tempo urge, e a última possibilidade para refazer as relações de fraternidade é aqui e agora. A reconciliação com os adversários ainda a caminho do tribunal é sinal de sabedoria, e não de fraqueza.

No trecho que meditamos hoje, o ensino de Jesus é motivado por duas violentas tragédias, bem conhecidas dos seus contemporâneos. A primeira, ocorrida a pouco e comunicada a Jesus naquele momento por algumas pessoas, é a violenta repressão desencadeada por Pilatos sobre um grupo de galileus, no interior do próprio templo sagrado. A segunda, que o próprio Jesus acrescenta, reforçando a primeira chamando a atenção dos seus ouvintes, havia acontecido anteriormente: a queda acidental de uma torre de guarda sobre algumas pessoas.

Jesus parte destes dois acontecimentos para corrigir uma visão parcial e errônea dos seus discípulos e demais contemporâneos, e para chamar todos à conversão ao Reino de Deus. Muita gente via acontecimentos semelhantes como a punição de Deus reservada aos pecadores. Por isso, a pergunta incisiva de Jesus: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém?”

Jesus quer desfazer a ideia de que as vítimas são as culpadas, e lê estes acontecimentos numa perspectiva profética: precisamos perceber neles um chamado à mudança de vida e de mentalidade. “Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”, repete Jesus, como um refrão. Trata-se de “fazer as pazes”, ou de viver de modo fraterno e solidário com as pessoas que consideramos culpáveis e condenáveis, enfim, com nossos inimigos.

Mas isso deve ser feito sem nenhuma demora, com senso de urgência. Deus tem paciência com quem não produz frutos, mas ele tem seu calendário! À figueira estéril, que persistia sem frutos, ele dá só mais um ano! Ele cuida e trata com atenção e delicadeza, mas não é bobo. Aprendamos a contar nossos dias, não percamos a hora da graça, não deixemos para amanhã os passos que podemos dar hoje.

 

Meditação:

·    Você percebe, em você, na sua família e na sua comunidade, a velha ideia de que as tragédias são castigos de Deus?

·    Quais são as consequências pessoais e eclesiais da afirmação de que ninguém é mais pecador que ninguém?

·    Será que, num certo sentido, alguns grupos religiosos atuais não estão presos à mesma mentalidade que Jesus reprova neste texto?

·    O que fazer para levar a sério a parábola dos adversários que precisam fazer as pazes antes de chegar ao tribunal?

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