Vivamos
despertos, pois a noite está no fim, mas o dia ainda não raiou! | 510 | 22.10.2024 | Lucas 12,35-38
Depois de falar sobre a relação com os bens
materiais, subordinando-os à lógica da partilha no horizonte do Reino de Deus,
Jesus fala sobre a beleza imerecida e gratuita dos lírios do campo (texto
omitido na sequência que estamos refletindo). E adverte os ouvintes: ninguém
pode acrescentar nada, por esforço e preocupação, à própria vida. Por fim, pede
que os discípulos saibam investir em “fundos seguros”, ou seja, no Reino de
Deus. Este é o tesouro que os ladrões não roubam e a ferrugem não come. E é
essa a atitude esperada daqueles a quem foi oportunizada uma grande colheita.
No texto de hoje, o assunto do ensino de Jesus é a
espera vigilante e ativa do Reino de Deus, especialmente quando ele parece
demorar ou uma simples ilusão. Jesus se dirige aos discípulos, e sua fala está
marcada pelo tempo pós-pascal, com a crise da espera e da confiança que os
discípulos enfrentavam com o adiamento do “retorno” de Jesus. A espera
vigilante é sempre essencial para quem segue os passos de Jesus. Ninguém pode,
sob nenhum pretexto, “baixar a guarda”. Viver esperando significa viver de
espera, mas vigilantes, significa esperançar as buscas e a espera.
Jesus ilustra esta espera ativa com duas imagens (o
cinto que cinge os quadris e as lâmpadas sempre acesas) e com três parábolas
(das quais hoje meditamos apenas a primeira). Para esperar adequadamente o
retorno do patrão da festa de casamento, o pessoal da casa deve estar
preparado: acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o cinto bem ajustado,
para que as vestes não impeçam os movimentos necessários para acolher e servir.
E isso mesmo que a hora for adiantada e o sono começar a pesar no corpo. Assim,
podem abrir a porta, sem demora nem obstáculos. Isso é viver de modo sábio e
responsável.
Relendo a parábola no horizonte do discipulado,
entendemos que, se Jesus partiu, ele não disse adeus, e voltará, pois partir
não significa necessariamente ir embora. Disso os discípulos não podemos
duvidar, nem esperar “atirando-nos nas cordas”. Precisamos ser como o pessoal
da casa da parábola de Jesus. Jesus “se ausentou do nosso meio” porque foi
celebrar a aliança, e crer nele significa mover-se numa fé vigilante, ativa e perseverante
no serviço. É ela que acende luzes na escuridão e ajuda a caminhar com
segurança, pois a noite está no fim, mas a aurora ainda não raiou. A recompensa
é a participação na mesa dos amados de Deus, do povo que ele ama, escolhe,
educa e envia. O próprio Jesus, Servo bom e fiel, os servirá à mesa.
Meditação:
§ Retome
e reconstrua o fato, a parábola e a conclusão de Jesus, acolha suas palavras e
incisivas, deixe-se levar pelas imagens do cinto e da luz
§ Imagine-se
dentro da parábola do pessoal da casa que espera a volta do patrão, ansiosos e
atentos
§ Identifique
as situações em que você cede à tentação de “baixar a guarda”, de simplesmente
“levar a vida”
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