segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Vivamos despertos, pois a noite está no fim, mas o dia ainda não raiou!

Vivamos despertos, pois a noite está no fim, mas o dia ainda não raiou! | 510 | 22.10.2024 | Lucas 12,35-38

Depois de falar sobre a relação com os bens materiais, subordinando-os à lógica da partilha no horizonte do Reino de Deus, Jesus fala sobre a beleza imerecida e gratuita dos lírios do campo (texto omitido na sequência que estamos refletindo). E adverte os ouvintes: ninguém pode acrescentar nada, por esforço e preocupação, à própria vida. Por fim, pede que os discípulos saibam investir em “fundos seguros”, ou seja, no Reino de Deus. Este é o tesouro que os ladrões não roubam e a ferrugem não come. E é essa a atitude esperada daqueles a quem foi oportunizada uma grande colheita.

No texto de hoje, o assunto do ensino de Jesus é a espera vigilante e ativa do Reino de Deus, especialmente quando ele parece demorar ou uma simples ilusão. Jesus se dirige aos discípulos, e sua fala está marcada pelo tempo pós-pascal, com a crise da espera e da confiança que os discípulos enfrentavam com o adiamento do “retorno” de Jesus. A espera vigilante é sempre essencial para quem segue os passos de Jesus. Ninguém pode, sob nenhum pretexto, “baixar a guarda”. Viver esperando significa viver de espera, mas vigilantes, significa esperançar as buscas e a espera.

Jesus ilustra esta espera ativa com duas imagens (o cinto que cinge os quadris e as lâmpadas sempre acesas) e com três parábolas (das quais hoje meditamos apenas a primeira). Para esperar adequadamente o retorno do patrão da festa de casamento, o pessoal da casa deve estar preparado: acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o cinto bem ajustado, para que as vestes não impeçam os movimentos necessários para acolher e servir. E isso mesmo que a hora for adiantada e o sono começar a pesar no corpo. Assim, podem abrir a porta, sem demora nem obstáculos. Isso é viver de modo sábio e responsável.

Relendo a parábola no horizonte do discipulado, entendemos que, se Jesus partiu, ele não disse adeus, e voltará, pois partir não significa necessariamente ir embora. Disso os discípulos não podemos duvidar, nem esperar “atirando-nos nas cordas”. Precisamos ser como o pessoal da casa da parábola de Jesus. Jesus “se ausentou do nosso meio” porque foi celebrar a aliança, e crer nele significa mover-se numa fé vigilante, ativa e perseverante no serviço. É ela que acende luzes na escuridão e ajuda a caminhar com segurança, pois a noite está no fim, mas a aurora ainda não raiou. A recompensa é a participação na mesa dos amados de Deus, do povo que ele ama, escolhe, educa e envia. O próprio Jesus, Servo bom e fiel, os servirá à mesa.

 

Meditação:

§  Retome e reconstrua o fato, a parábola e a conclusão de Jesus, acolha suas palavras e incisivas, deixe-se levar pelas imagens do cinto e da luz

§  Imagine-se dentro da parábola do pessoal da casa que espera a volta do patrão, ansiosos e atentos

§  Identifique as situações em que você cede à tentação de “baixar a guarda”, de simplesmente “levar a vida”

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