terça-feira, 15 de outubro de 2024

Que o Senhor nos livre da hipocrisia, do cinismo e da incoerência!

Que o Senhor nos livre da hipocrisia, do cinismo e da incoerência! | 504 | 16.10.2024 | Lucas 11,42-46

Para bem entender esta passagem, não esqueçamos que, segundo Lucas, Jesus pronuncia essa série de advertências aos fariseus estando na casa de um deles! A expressão “ai de vós” é própria dos profetas e profetizas de Israel, recorrente nos apelos à conversão em situações de pecado e de injustiça social, já que são essas situações que atraem a ruína da sociedade, especialmente dos mais pobres. Não mais lamentações que ameaças, e têm mais força moral e espiritual que poder.

Jesus começa dirigindo-se aos fariseus. A primeira lamentação, crítica ou denúncia de Jesus voltada aos fariseus põe em evidência a proverbial obsessão deles pelos detalhes insignificantes das leis, ao mesmo tempo em que ignoram olimpicamente aquilo que é transcendente e essencial, ou seja, a prática do amor e da justiça em favor dos setores sociais em situação de vulnerabilidade social e das pessoas desamparadas. Eles se apegam à exterioridade e às coisas secundárias.

segunda acusação é a constante reivindicação de prioridade, honra e privilégio, uma espécie de gosto pelo exibicionismo. No fundo, os fariseus querem ser considerados e reconhecidos como as pessoas e os fiéis mais perfeitos, mais honrados e mais importantes, mas não se preocupam com a incoerência com aquilo que creem e ensinam. Assim, vivem o contrário daquilo que ensinam, e o que fazem é colocar fardos pesados nas costas dos mais pobres.

terceira crítica dirigida aos fariseus é de falsidade ou hipocrisia, o hábito de demonstrar uma piedade que não vivem, de esconder a podridão interior e os interesses vorazes sob uma roupagem de piedade. É nisso que os fariseus, como grupo religioso e social, se parecem com sepulturas disfarçadas com pinturas e ornamentos, comportamento que leva os fiéis a andar por caminhos errados e a pisar sobre imundícies sem darem-se conta.

Mais que uma ira santa contra alguns, Jesus expressa seu amor solidário pelas vítimas desses comportamentos contraditórios. Mas, para a elite do judaísmo, essa fala de Jesus ressoa como acusação e insulto, e este chapéu acaba servindo também à cabeça dos mestres da lei. Como eles assumem as dores dos fariseus, Jesus contempla também eles em sua crítica: o pecado deles consiste em impor pesados fardos aos ombros já encurvados, em vez de estender a mão para erguê-los.

 

Meditação:

·        Reconstrua mentalmente a cena na casa do fariseu, participe dela, escute cada acusação que Jesus dirige ao seu grupo

·        Será que nós, que exercemos alguma liderança em nossa comunidade de fé, não somos parecidos com os fariseus?

·        Onde nossas incoerências e nossa hipocrisia se mostram mais?

·        Em que situações somos como sepulturas que ninguém vê e, por isso, pisam nelas e se contaminam?

Nenhum comentário: