O que nos
torna bons e puros aos olhos de Deus é o amor e a compaixão | 503 | 15.10.2024 | Lucas 11,37-41
No
contexto do duro embate que trava em Jerusalém com as elites defensoras do
judaísmo, Jesus as acusa de ser uma “geração perversa”. E contrapõe a elas dois
fatos relatados pelo Antigo Testamente: o povo pagão de Nínive, que se converte
ouvindo a pregação de Jonas; a rainha pagã que busca Salomão e reconhece sua
sabedoria. E Jesus é mais que Jonas, e mais que Salomão.
Eis que, neste
contexto, um fariseu convida Jesus para um jantar em sua casa, provavelmente não
por amizade, mas por curiosidade e expectativa de poder confirmar seus
preconceitos e então comprovar pessoalmente as “heresias” de Jesus. Não
esqueçamos que, ao apresentar estes fatos, Lucas deixa ressoar neles as
polêmicas e controvérsias vividas pelas comunidades cristãs do oriente médio, no
final do século I da era cristã.
A liberdade e a
autenticidade de Jesus espantam o fariseu, e, por sua vez, Jesus fica
impressionado com sua hipocrisia. Então, na própria casa do anfitrião, Jesus
percebe e denuncia que, por trás da aparência de piedade e de correção, os
fariseus escondem uma personalidade geralmente corrompida e um caráter dominado
por relações violentas. Eles defendem a pureza ritual como a coisa mais
importante da vida e da religião, mas menosprezam ou esquecem todo o resto.
Jesus propõe ao
fariseu e seus comparsas, e especialmente aos seus discípulos de ontem e de
hoje, uma nova interpretação da pureza: ela não vem dos ritos e de coisas
externas, mas da ação, da misericórdia; não depende do rito de lavar objetos ou
evitar contatos. Jesus passa longe de uma religião e um estilo de vida centrado
nas aparências. Para ele, a ênfase nas aparências sociais não passa de
hipocrisia.
Nas
sociedades rurais antigas, a esmola era uma prática de partilha solidária, de
justiça, de misericórdia, uma importante prática de correção ou limitação dos
efeitos nocivos da desigualdade. Para Jesus, é nessa prática generosa e
solidária que se distingue o essencial do secundário. Fazendo o contrário,
fechando-se em si mesmas e apegando-se aos seus poucos ou muitos bens, as
pessoas acabam exercendo um poder que oprime, e vivendo uma religião superficial,
mesquinha e hipócrita. Nisso também Jesus é exemplo e modelo.
Meditação:
·
Reconstrua
mentalmente a cena, participe dela, entre na casa do fariseu, veja como ele
observa Jesus e como Jesus observa ele
·
Acolha
palavra por palavra as duras palavras que Jesus dirige ao fariseu, e a todas as
pessoas que vivem uma fé de fachada
·
Que
aspectos da nossa prática cristã, como fiéis e como comunidade, Jesus pede que
sejam mudados?
·
Quais são
os aspectos secundários do Evangelho que nossas Igrejas estão colocando no
lugar daquilo que é essencial?
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