segunda-feira, 14 de outubro de 2024

O que nos torna bons e puros é o amor e a compaixão

O que nos torna bons e puros aos olhos de Deus é o amor e a compaixão | 503 | 15.10.2024 | Lucas 11,37-41

No contexto do duro embate que trava em Jerusalém com as elites defensoras do judaísmo, Jesus as acusa de ser uma “geração perversa”. E contrapõe a elas dois fatos relatados pelo Antigo Testamente: o povo pagão de Nínive, que se converte ouvindo a pregação de Jonas; a rainha pagã que busca Salomão e reconhece sua sabedoria. E Jesus é mais que Jonas, e mais que Salomão.

Eis que, neste contexto, um fariseu convida Jesus para um jantar em sua casa, provavelmente não por amizade, mas por curiosidade e expectativa de poder confirmar seus preconceitos e então comprovar pessoalmente as “heresias” de Jesus. Não esqueçamos que, ao apresentar estes fatos, Lucas deixa ressoar neles as polêmicas e controvérsias vividas pelas comunidades cristãs do oriente médio, no final do século I da era cristã.

A liberdade e a autenticidade de Jesus espantam o fariseu, e, por sua vez, Jesus fica impressionado com sua hipocrisia. Então, na própria casa do anfitrião, Jesus percebe e denuncia que, por trás da aparência de piedade e de correção, os fariseus escondem uma personalidade geralmente corrompida e um caráter dominado por relações violentas. Eles defendem a pureza ritual como a coisa mais importante da vida e da religião, mas menosprezam ou esquecem todo o resto.

Jesus propõe ao fariseu e seus comparsas, e especialmente aos seus discípulos de ontem e de hoje, uma nova interpretação da pureza: ela não vem dos ritos e de coisas externas, mas da ação, da misericórdia; não depende do rito de lavar objetos ou evitar contatos. Jesus passa longe de uma religião e um estilo de vida centrado nas aparências. Para ele, a ênfase nas aparências sociais não passa de hipocrisia.

Nas sociedades rurais antigas, a esmola era uma prática de partilha solidária, de justiça, de misericórdia, uma importante prática de correção ou limitação dos efeitos nocivos da desigualdade. Para Jesus, é nessa prática generosa e solidária que se distingue o essencial do secundário. Fazendo o contrário, fechando-se em si mesmas e apegando-se aos seus poucos ou muitos bens, as pessoas acabam exercendo um poder que oprime, e vivendo uma religião superficial, mesquinha e hipócrita. Nisso também Jesus é exemplo e modelo.

 

Meditação:

·    Reconstrua mentalmente a cena, participe dela, entre na casa do fariseu, veja como ele observa Jesus e como Jesus observa ele

·    Acolha palavra por palavra as duras palavras que Jesus dirige ao fariseu, e a todas as pessoas que vivem uma fé de fachada

·    Que aspectos da nossa prática cristã, como fiéis e como comunidade, Jesus pede que sejam mudados?

·    Quais são os aspectos secundários do Evangelho que nossas Igrejas estão colocando no lugar daquilo que é essencial?

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