É para a
liberdade de filhos e filhas que Cristo nos libertou! | 499 | 11.10.2024 | Lucas 11,15-26
O foco deste trecho do evangelho
segundo Lucas, que está inserido na caminhada decisiva de Jesus a Jerusalém,
não é, como pode parecer à primeira vista, uma discussão sobre o exorcismo. O
texto sequer descreve a expulsão de demônios, e o debate gira em torno da
identidade de Jesus e em nome de quem – ou com o dedo de quem – ele combate elimina
as forças do mal (simbolizadas no demônio) e inaugura um tempo de justiça e
paz.
Nesta cena, os adversários de Jesus propriamente não
contestam sua ação libertadora, mas dizem que aquilo que ele faz não passa de
“magia negra” ou de conluio com Satanás, e pedem-lhe um sinal espetacular que
seja capaz de convencê-los de que ele veio e age efetivamente em nome de Deus.
Para Jesus, as ações que libertam e reconstroem pessoas dominadas e oprimidas
são sua credencial, são eloquentes sinais do “dedo de Deus”, da irrupção do seu
Reino.
Diante de interlocutores divididos em dois grupos –
o povo, que fica maravilhado com o que faz Jesus, e os líderes do judaísmo que
o acusam de agir como mediador do diabo – Jesus desenvolve sua autodefesa. Ele
afirma que são exatamente as suas ações humanizadoras o credenciam, e convoca
os próprios exorcistas judeus a julgar aqueles que questionam suas ações. Jesus
não fez aliança com Satanás, mas é mais forte que ele, e o derrotou
definitivamente.
Para ilustrar ou exemplificar o que afirma, Jesus
recorre a duas pequenas parábolas: um povo (um reino ou uma família) internamente
dividido, e um chefe doméstico que é dominado e expulso por alguém mais forte
que ele O homem mais forte, que vence o senhor da dominação, é Jesus. Ele
libertou sua família do domínio do mal. Diante dele não há neutralidade: ou
estamos com ele, ou contra ele. Ele não é agente ou executivo de satanás, pois
se assim fosse, Satanás estaria agindo contra si mesmo e cavando sua própria ruína.
Por fim, Jesus adverte tanto os
judeus que se dizem libertos e salvos pela lei como as pessoas que foram
libertadas por ele mesmo do demônio. Não basta ser curado, é preciso ir além,
entrar no dinamismo do Reino de Deus e perseverar nele. Caso contrário, quem se considera uma pessoa de
“consciência limpa” ou totalmente libertada em Jesus Cristo, pode ser vítima
dos próprios caprichos e interesses, e ver-se dominada por desejos
contraditórios.
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, observando os detalhes e nuances da discussão sobre as
credenciais messiânicas de Jesus
§ Você
é capaz de ver nas ações de Jesus, mesmo pequenas, os sinais do Reino de Deus,
ou espera apenas grandes milagres?
§ O
que você faz para evitar que sua vida, liberta e limpa por Jesus e seu
Evangelho, seja de novo ocupada pelo egoísmo?
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