Nossa
dignidade está em sermos servos, e nossa honra na humildade | 508 | 20.10.2024 | Marcos
10,35-45
Apesar do ensino
particular, intenso, extenso e paciente de Jesus, os discípulos continuam
resistentes e espantados frente a um messias humano, pobre e servidor. Nem
mesmo o tríplice e antecipado anúncio da prisão, condenação, tortura e morte que
sofreria num futuro próximo consegue abrir a mente deles. “Os discípulos
estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo” (Mc 10,32).
Mas o pior é que todos os discípulos –
e não apenas João e Tiago! – alimentam a ambição de partilhar com Jesus famoso as
honras e benesses de uma esperada e fantasiosa vitória. Eles não conseguem ver
a caminhada a Jerusalém senão como uma marcha de subida ao poder. Não imaginam
que a elevação de Jesus seria na cruz do calvário, e que à esquerda e à direita
dele não estariam aqueles que o aspiravam e postulavam, mas dois ativistas
rebeldes.
O pedido explícito de João e Tiago e a
ambição oculta de todos os demais discípulos aborrecem Jesus. Por isso, Jesus
fala com uma certa amargura e com notas de advertência e reprovação: “Vocês não
sabem o que estão pedindo...” Nem mesmo
o confronto dos discípulos com o martírio é capaz de tirá-los do sonho de
poder. Eles respondem mentindo aos questionamentos se eles estarão dispostos a
beber do mesmo cálice que ele beberia. E a Jesus só lhe resta falar com ironia.
Quando Jesus ensina que quem quiser
ser grande deve tornar-se o servo, e quem quiser ser o primeiro deve ocupar o
último lugar, não está falando de um certo e afetado sentimento de humildade. O
que ele pede é que nos situemos ao lado dos últimos e aceitemos ser incluídos
entre as crianças e escravos. A autêntica humildade é o reconhecimento da
verdade sobre nós mesmos, pois quem se considera superior ou inferior aos
outros tem uma falsa imagem de si mesmo.
Tornar-se criança e assumir a postura
de servo não tem nada a ver com ingenuidade, imaturidade ou autodesprezo. Jesus
propõe como valores a sinceridade, a confiança radical, a liberdade frente às
preocupações, a capacidade de alegrar-se com as surpresas da vida, a aceitação
da minoridade. Ser Servo não significa ser passivo, e ocupar o último lugar
rima com a proclamação da dignidade dos pequenos e ressoa como crítica a quem
usurpa à força os primeiros lugares.
Meditação:
·
Retome e
reconstrua esta cena, participando dele, ouvindo as palavras e observando as
reações de cada personagem
·
Você acha
que também nós, lideranças eclesiais e sociais, caímos nas disputas fratricidas
pelo poder e pelos primeiros lugares?
·
O que
significa hoje, concretamente, ser o último e o servidor de todos? Como os
cristãos o demonstram?
·
Você acredita
e aceita de verdade que esse é o caminho que nos faz felizes, o percurso que
nos conduz à plenitude, à salvação?
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