sábado, 26 de outubro de 2024

Jesus purifica nosso olhar

Jesus purifica nosso olhar e liberta nossos pés e nossas mãos | 515 | 27.10.2024 | Marcos 10,46-52

Jesus está na última etapa do seu caminho de “subida” a Jerusalém. Ele chega à cidade de Jericó, cantada e idealizada pelos peregrinos, situada na área suburbana e a poucos quilômetros da capital. Nessa região, os mendigos, dependentes das intensas e constantes peregrinações populares, aparecem cada vez mais frequentemente. Por outro lado, os discípulos continuam cegos e fechados à proposta de Jesus, e os ricos desertam desanimados com as exigências.

Aproxima-se de Jesus um homem chamado Bartimeu, cego e mendigo, cujo nome significa “filho da impureza”, “sujo”, ou “impuro”. Os discípulos, que pensam enxergar bem, acompanham Jesus pelo caminho, mas Bartimeu está fixo à terra e depende da boa vontade dos peregrinos; enquanto os discípulos imaginam esperam que Jesus seja um messias poderoso e vitorioso, o mendigo o invoca no horizonte de um messianismo popular, identificado com a causa dos pobres (“filho de Davi”).

E mais ainda: Jesus faz ao cego Bartimeu a mesma pergunta que fez aos filhos de Zebedeu, mas enquanto Tiago, João e, provavelmente, todos os outros 10, desejam e pedem privilégios, o mendigo e cego deseja e pede unicamente que seus olhos se abram. O jovem rico não é capaz de distribuir seus bens e seguir Jesus, enquanto que Bartimeu abandona o manto, o único bem que possui, e põe-se a caminho. Os ricos e nobres acabam sendo os últimos, enquanto os pobres e “sujos” são os primeiros a reconhecer, acolher e seguir Jesus.

Bastimeu é um personagem oposto ao jovem rico, e é o absoluto protagonista nesta cena: grita, torna a gritar, não obedece quando querem que ele se cale, faz Jesus parar, desfaz-se do manto, dá um pulo, põe-se de pé, dialoga, pede, caminha. Por isso, ele é uma metáfora de toda pessoa habitada pelo desejo de ver e conhecer, um modelo ideal ou paradigma de discípulo. E, de tabela, é também um “teólogo popular”, pois, mesmo cego, reconhece em Jesus o herdeiro de Davi, e invoca a compaixão daquele que representa o líder popular que sabe o que significa ser suspeito, excluído e marginalizado, inclusive pelo pai e pelos irmãos maiores.

 

Meditação:

·      Recomponha a cena, relendo as sucessivas cenas, gesto por gesto, palavra por palavra, percebendo os sentimentos mais profundos

·      Observe bem o papel de protagonista do cego mendigo, enumere as ações que ele realiza (os verbos que as descrevem)

·      Você percebe a diferença radical entre aquilo que Tiago e João pedem e aquilo que o mendigo Bartimeu pede a Jesus?

·      Bartimeu é o primeiro personagem a chamar Jesus de “filho de Davi”; as palavras que você usa para se dirigir a Jesus falam de que?

·      Qual é seu desejo mais profundo, que queima suas entranhas, e pelo qual você seria capaz de deixar tudo o mais?

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