O Reino de
Deus é escondido aos grandes, mas se revela aos pequenos | 493 | 05.10.2024 | Lucas 10,17-24
Ao enviar os 72 discípulos para uma
espécie de “estágio missionário”, Jesus havia insistido sobre o despojamento e
a confiança, e havia também falado claramente que a rejeição e a perseguição
estariam na agenda do missionário. Mas eles voltam e contam entusiasmados o
sucesso obtido, e mostram-se deslumbrados com o poder que pensam ter sobre os
espíritos maus.
Jesus joga “um balde de água fria” no fogo desse
entusiasmo, e desloca o foco dos motivos de alegria dos discípulos missionários.
A questão da derrota dos espíritos maus é relevante, pois significa o bloqueio
e a anulação da resistência contra a novidade do Reino de Deus. Nessa
perspectiva, a missão dos discípulos faz parte da derrota do mal e do
restabelecimento da justiça. Quando Jesus diz que viu Satanás caindo, assinala
claramente o fim do poder que ele tem sobre as pessoas e organizações e
estruturas sociais.
Entretanto, para Jesus, a alegria dos seus enviados
não deve estar nos fatos grandiosos e empolgantes que realizam, nas
experiências de poder que fazem, mas no serviço eficaz ao Reino de Deus, na
experiência de serem servidores e enviados dele, de serem mediadores da ação
libertadora de Deus em favor dos oprimidos. Esta alegria claramente não vem do
prestígio nem dos privilégios, mas da participação eficaz e generosa na missão
de Jesus.
Depois de mais esta lição na escola de formação dos
seus discípulos missionários, Jesus irrompe numa oração de júbilo e gratidão, na
qual convida seus enviados a perceberem que eles fazem parte do coração ou do
vértice da história da salvação: através deles se realiza aquilo que tantos crentes
esperaram. Na inacreditável força da fraqueza está o coração da revelação
cristã! Apesar da prepotência dos grandes, e por causa da fraqueza dos
pequenos, o Reino de Deus vai abrindo caminho.
Jesus louva o Pai por dois motivos:
porque Deus se revela aos pequenos e humildes, e mostra sua força exatamente na
fraqueza deles; porque ele se esconde daqueles que se consideram sábios e
entendidos, e não conta com eles como seus mediadores. Como Jesus está longe de
tantos que hoje se apresentam como seus enviados, e gostam de contabilizar
moedas, poderes e milagres...
Meditação:
§ Releia
atentamente os versículos deste trecho do evangelho, perceba o entusiasmo
infantil dos “estagiários na missão”
§ Acolha
com atenção e serenidade de um discípulo a lição de Jesus sobre a verdadeira
alegria
§ Você
já sentiu entusiasmo diante do sucesso pastoral, imaginando que isso era
unicamente mérito seu?
§ Como
ajudar os evangelizadores a superar a tentação de valorizar apenas os grandes
acontecimentos e os “evangelizadores” que fazem sucesso e tem poder?
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