Quem ouve o
anúncio do Evangelho não pode permanecer indiferente | 492 | 04.10.2024 | Lucas 10,13-16
No episódio do envio dos 72
discípulos, que meditamos ontem, Jesus nos apresentava uma espécie de cartilha
ou guia da ação missionária. Jesus deixa claro, desde o início, que rejeição e
a perseguição estão no horizonte. A casa é o ponto de apoio da missão, e a
pobreza de recursos não é uma dificuldade, mas a garantia da autenticidade do
anúncio. Na vida dos discípulos missionários não há lugar para qualquer reação
violenta.
Os versículos de hoje prosseguem o tema anterior.
Betsaida É a cidade de origem de alguns discípulos e discípulas de Jesus.
Cafarnaum havia sido escolhida por Jesus para ser a cidade referencial de onde
partia em missão e para onde voltava. Estes dois pequenos povoados tiveram a
oportunidade de ver de perto a ação libertadora e formativa de Jesus. Conhecem
ele e o estilo de vida dos seus discípulos não apenas por ouvir dizer.
É por isso que, mesmo não autorizando seus
discípulos a fazer mais que bater o pó das sandálias quando seu anúncio fosse
rejeitado, Jesus pronuncia palavras duras contra estas duas cidades.
Entretanto, estas palavras não são, como parece à primeira vista, uma
condenação, mas um contundente apelo à acolhida e à conversão. Ele não veio
para julgar e condenar, mas para que o mundo seja salvo.
Jesus compara a postura destes povoados àquilo que
aquilo ocorreu em dois outros povoados, considerados inimigos típicos do povo
de Israel: Tiro e Sidônia. E afirma que se estes últimos dois povoados tivessem
a oportunidade de ver e ouvir o que as pessoas de Cafarnaum, Corazim e Betsaida
viram e ouviram, teriam se convertido. Os povos que os judeus consideram seus
arqui-inimigos são melhores que eles, diz Jesus!
Este contundente apelo de Jesus à acolhida e à
conversão termina com uma afirmação teológica, pastoral e espiritual: Jesus
está presente na pessoa e na ação daqueles que ele envia, assim como o Pai está
presente nele. Acolhê-los ou rejeitá-los, escutar e levar a sério o que eles
dizem ou manter-se indiferente ou com “sua própria versão das coisas” é a “prova
dos nove” da justiça e da santidade.
Meditação:
§ Releia
atentamente o texto, retomando também os versículos que o antecedem e escutando
atentamente as fortes palavras de Jesus
§ Não
caia na tentação de imaginar que as advertências de Jesus são dirigidas a
outras pessoas, cidades e comunidades
§ Você
sente-se atingido/a pelas palavras de Jesus, interpelado/a a não fazer pouco
caso do Evangelho e das suas testemunhas?
§ Você
vê algum sinal indicativo de que estamos correndo o risco de reproduzir na
Igreja a atitude do povo de Cafarnaum e Corazim?
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