Pai nosso!
Venha a nós o vosso Reino, e dai-nos o pão de cada dia! | 497 | 09.10.2024 | Lucas 11,1-4
Um princípio importante que ajuda a interpretar
corretamente o sentido de uma cena ou texto do Evangelho é situá-lo no contexto
literário no qual aparece inserido. A cena de hoje, na qual Jesus é interpelado
a ensinar seus discípulos a rezar, está situada na sua subida a Jerusalém, onde
se daria o confronto definitivo com seus opositores e onde acabaria condenado e
executado.
Na busca de uma fidelidade serena e perseverante à vontade do Pai, que
ama a humanidade e, em tudo, dá prioridade aos pequenos, Jesus sente
necessidade de assegurar espaços de intimidade com ele. A prática da oração
cria e cultiva esse espaço. E Jesus a exercita, não como um mestre que quer
ensinar, mas como um enviado que deseja cumprir fielmente e generosamente a
vontade do Pai num ambiente que se torna cada vez mais hostil e perigoso.
Por isso, em resposta ao pedido dos discípulos, Jesus compartilha o
horizonte da sua oração e o seu modo de rezar, centrado na realização da
vontade do Pai e na expectativa do seu Reino. Não é uma oração que traz as
marcas do medo e da ansiedade, nem uma oração para pedir pequenas coisas e
grandes caprichos, mas uma oração que amplia o horizonte do desejo, fazendo-o
coincidir com o desejo do Pai. Jesus não nega o desejo humano, mas lhe dá dimensões
infinitas.
A oração cristã, aquela praticada e ensinada por Jesus, começa com o
ardente desejo de que o Nome do Pai seja santificado, não seja profanado nem
usado como desculpa para a indiferença ou justificativa para a opressão.
Depois, insiste na única coisa necessária, no tesouro que as traças não
corroem, na pérola que vale todos os campos: “Venha a nós o vosso Reino”! É na
esteira da busca do Reino de Deus que recebemos tudo o mais, e que nos livramos
dos pequenos caprichos e limitados desejos.
Mantendo-se nesse horizonte iluminador e orientador, a oração cristã
recolhe e apresenta ao Pai três pedidos, três necessidades humanas prioritárias
e tão importantes não é possível atendê-las sem a ajuda dele: o alimento
cotidiano na mesa de todos; o perdão dos pecados como dinamismo para perdoar os
semelhantes; a força para não cair na tentação de buscar outros reinos, de
servir a outros senhores, de abandonar o sonho do Pai. Nada de pedidos egoístas
e infantis, ou de coisas cuja realização está ao nosso alcance.
Meditação:
§ Releia
e procure compreender com profundidade, a atitude essencial e os pedidos
nucleares da oração ensinada por Jesus
§ Como vai sua vida de oração, qual é o conteúdo
predominante nas suas súplicas, louvores e intercessões?
§ A realização do Reino de Deus mediante a partilha
do pão, o perdão e a superação das tentações, está no centro da sua oração?
2 comentários:
Gosto tanto de suas reflexões
Amém 🙏🙏
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