Nada ameaça uma vida alicerçada na coerência
835 | 13 de setembro de 2025 | Lucas 6,43-49
Somente quem tem um olhar limpo e um coração puro
está em condições de ajudar e criticar o próprio irmão. A misericórdia do Pai,
que é bondoso tanto para com os bons como para os ingratos é o horizonte que
nos inspira e a regra primeira. Nessa perspectiva, Jesus hoje nos oferece
critérios para reconhecer o autêntico discípulo do Reino. Não basta reconhecer
Jesus como Senhor!
Como a razão de ser da árvore é produzir sombra,
flores ou frutos, espera-se que o discípulo demonstre o que é naquilo que faz,
nas relações que estabelece com pessoas e com as coisas. E este fruto não é
apenas uma canção, uma oração, uma invocação ou um determinado ato de piedade.
Como vimos ontem, revelamos que somos discípulos de Jesus sendo misericordiosos
como Deus o é conosco.
É pelos frutos que produzimos em nossas relações
que revelamos em quem acreditamos e demonstramos a qualidade da árvore que
somos. Não podemos esperar coisa boa de gente que se orienta pelo ódio ou pela
indiferença, que se manifesta pela eliminação daqueles que julga errado ou
incômodo, mas gosta de publicar frases e imagens de piedade e de pessoa devota
em suas redes sociais.
As relações são exteriores, mas revelam os
princípios e as decisões interiores, os valores que nos orientam e consideramos
preciosos. Se nossa consciência é bem formada, se assumimos a escala de valores
do Evangelho, se pautamos nossas ações pela prática e pelo ensino de Jesus,
sempre tiraremos desse tesouro decisões boas e construtivas. Não há como tirar dele
o ódio e a defesa do porte de armas.
O que se espera de nós, cristãos, é coerência entre
a fé que professamos e aquilo que praticamos: seguir Jesus implica em levar a
sério sua palavra e colocá-la em prática em todas as dimensões da vida. Caso
contrário, seremos como as belas mansões construídas sem alicerce, sobre a
areia: não resiste diante da menor prova ou força contrária; ou como as belas
sepulturas que escondem carne em decomposição.
Que a incoerência e a superficialidade não façam de nós videiras
estéreis ou que produzem frutos venenosos. Que Deus nos livre de sermos como
aquelas casas que, de bonito e bom, só têm a fachada. Dentro delas vigora intolerância,
violência, indiferença e a lei do “cada um para si e deus para todos”.
Sugestões para a
meditação
§ Retome cada palavra e cada comparação
usada por Jesus e deixe que ressoem em sua vida
§ Em que medida a fé que você demonstra
em nossa família e comunidade carecem de coerência?
§ Quais são os frutos bons que a escuta
e meditação da Palavra e o cultivo da fé em Jesus tem produzido em você, sua
família e sua comunidade?
§ Você não acha que corremos o risco de inflacionar novenas, adorações e ritos, mas deixamos anêmica nossa ação e nossos compromissos?