Jesus, não esqueças
de mim no teu Reino!
906 | 23 de novembro
de 2025 | Lucas 23,35-43
Os
Evangelhos nos previnem severamente contra os riscos de uma identificação
apressada e ingênua de Jesus Cristo com um rei ou um destes ídolos famosos.
Quem identifica Deus com os reis, príncipes e sacerdotes acaba olhando o Cristo
crucificado e os excluídos sem entender nada. E isso mesmo sendo verdade que
Jesus anunciou algo como um reino ou reinado de Deus.
Jesus foi aclamado
como descendente do rei Davi, como o Messias e o Rei esperado. Mas isso nada
tem a ver com a figura dos reis e chefes que a história nos deu a conhecer,
pois vários deles assassinaram os próprios familiares para alcançar o trono. A
referência de Jesus a Davi expressa a esperança de um líder humilde e corajoso
na defesa dos injustiçados, nos moldes do frágil e rejeitado filho de Jessé,
excluído pelo próprio pai da festa dos filhos e herdeiros (cf. 1Sm 16,1-13).
Jesus anunciou e inaugurou
o reinado de Deus, pois Deus reina quando os coxos andam, os cegos veem, os
mudos falam, os presos conquistam a liberdade, os oprimidos adquirem a
cidadania, os mortos ressuscitam e os pobres recebem boas notícias. Deus reina
na medida em que homens e mulheres superam as relações de dominação e exercitam
a solidariedade. Jesus realiza o reinado de Deus fazendo-se irmão e servidor de
todos, prioritariamente dos mais vulneráveis.
A cena descrita por
Lucas no evangelho de hoje nos apresenta Jesus crucificado, entre dois outros condenados
à morte. Toda a sua vida foi uma proclamação viva de um Deus que acolhe os
últimos e faz justiça aos oprimidos. Pregado na cruz entre dois condenados, ele
proclama de forma inequívoca a solidariedade de Deus com os excluídos. Enquanto
os reis e príncipes se afastam dos homens e mulheres e os consideram
desprezíveis, Jesus compartilha a sorte dos condenados e os acolhe no seu
reinado. Certamente, ele não é um rei muito convencional!
Não passam de fuga e de traição as tentativas de substituir os
espinhos por uma coroa de ouro, e a cruz por um trono glorioso. É na condição
de condenado, de quem compartilha a condição dos desclassificados, que Jesus
nos livra das trevas do poder impostor e é o primogênito da humanidade, o
príncipe das mulheres e homens libertos. A ele podemos pedir: “Lembra-te de mim
quando entrares no teu reinado!”
Sugestões para a meditação
§ Leia e releia atentamente os versículos de hoje, observando
o que Jesus e os demais personagens dizem e fazem
§ Com que imagens ou títulos você costuma imaginar e falar de
Jesus de Nazaré? Eles dão conta da rica complexidade da sua identidade?
§ Será possível expressar o que é Jesus a partir do título de
rei? Ou precisamos falar da vocação dos reis a partir da vida de Jesus?
§ Quais são as palavras ou imagens (metáforas) mais adequadas
para falar evangelicamente de Jesus?
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