sábado, 22 de novembro de 2025

A coroa do rei

Jesus, não esqueças de mim no teu Reino!

906 | 23 de novembro de 2025 | Lucas 23,35-43

Os Evangelhos nos previnem severamente contra os riscos de uma identificação apressada e ingênua de Jesus Cristo com um rei ou um destes ídolos famosos. Quem identifica Deus com os reis, príncipes e sacerdotes acaba olhando o Cristo crucificado e os excluídos sem entender nada. E isso mesmo sendo verdade que Jesus anunciou algo como um reino ou reinado de Deus.

Jesus foi aclamado como descendente do rei Davi, como o Messias e o Rei esperado. Mas isso nada tem a ver com a figura dos reis e chefes que a história nos deu a conhecer, pois vários deles assassinaram os próprios familiares para alcançar o trono. A referência de Jesus a Davi expressa a esperança de um líder humilde e corajoso na defesa dos injustiçados, nos moldes do frágil e rejeitado filho de Jessé, excluído pelo próprio pai da festa dos filhos e herdeiros (cf. 1Sm 16,1-13).

Jesus anunciou e inaugurou o reinado de Deus, pois Deus reina quando os coxos andam, os cegos veem, os mudos falam, os presos conquistam a liberdade, os oprimidos adquirem a cidadania, os mortos ressuscitam e os pobres recebem boas notícias. Deus reina na medida em que homens e mulheres superam as relações de dominação e exercitam a solidariedade. Jesus realiza o reinado de Deus fazendo-se irmão e servidor de todos, prioritariamente dos mais vulneráveis.

A cena descrita por Lucas no evangelho de hoje nos apresenta Jesus crucificado, entre dois outros condenados à morte. Toda a sua vida foi uma proclamação viva de um Deus que acolhe os últimos e faz justiça aos oprimidos. Pregado na cruz entre dois condenados, ele proclama de forma inequívoca a solidariedade de Deus com os excluídos. Enquanto os reis e príncipes se afastam dos homens e mulheres e os consideram desprezíveis, Jesus compartilha a sorte dos condenados e os acolhe no seu reinado. Certamente, ele não é um rei muito convencional!

Não passam de fuga e de traição as tentativas de substituir os espinhos por uma coroa de ouro, e a cruz por um trono glorioso. É na condição de condenado, de quem compartilha a condição dos desclassificados, que Jesus nos livra das trevas do poder impostor e é o primogênito da humanidade, o príncipe das mulheres e homens libertos. A ele podemos pedir: “Lembra-te de mim quando entrares no teu reinado!”

 

Sugestões para a meditação

§ Leia e releia atentamente os versículos de hoje, observando o que Jesus e os demais personagens dizem e fazem

§ Com que imagens ou títulos você costuma imaginar e falar de Jesus de Nazaré? Eles dão conta da rica complexidade da sua identidade?

§ Será possível expressar o que é Jesus a partir do título de rei? Ou precisamos falar da vocação dos reis a partir da vida de Jesus?

§ Quais são as palavras ou imagens (metáforas) mais adequadas para falar evangelicamente de Jesus?

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