sexta-feira, 14 de novembro de 2025

A viúva e o juiz

Onde podemos ver sinais de fé nesse mundo?

898 | 15 de novembro de 2025 | Lucas 18,1-8

O episódio do evangelho de hoje se relaciona com aquelas cenas e episódios que lemos e meditamos nos últimos dias pelo tema da fé confiante e perseverante. A questão central não é propriamente a oração, mas aquilo que a oração busca e expressa: a fidelidade de Deus e a confiança nele, especialmente nos tempos de demora e de tribulação, quando tudo parece perigoso e nebuloso.

A parábola do juiz e da viúva é, no mínimo, inusitada. Se a figura de uma viúva injustiçada e indefesa pode facilmente representar os discípulos em tempos de perseguição, um juiz desumano, agnóstico e pragmático não parece uma boa representação da ação de Deus, ao menos da imagem de Deus que Jesus Cristo nos apresenta em sua ação e em seu ensino.

Vivendo num tempo de perseguições violentas, de aparente ausência ou de silêncio de Deus, a comunidade dos discípulos de Jesus se questiona quando isso terá fim, quando Jesus se manifestará, finalmente e claramente, em seu poder e glória. O risco da desilusão e da resignação é grande, e só lhes resta uma arma para combatê-lo: a insistência, a confiança e a perseverança.

É nisso que a figura da viúva suplicante reforça a exortação de Jesus. Ela não se resigna, não se cansa e nem se intimida frente à absoluta indiferença do juiz. A insistência é a única arma que lhe resta, dada a sua extrema vulnerabilidade. Esta perseverança insistente de uma pessoa indefesa produz seus frutos, pois acaba dobrando o juiz insensível.

A lição de Jesus é evidente. Se um juiz desumano e injusto se dobra e atende, por razões pragmáticas, a demanda da viúva indefesa, Deus Pai poderia ser menos que ele? O Pai está sempre atento aos clamores e dores do seu povo, e pronto a atender as necessidades dos seus filhos e filhas que clamam em tempos de injustiça.

Para Jesus, a oração não tem um caráter piedoso, mas engajado e programático. A oração cristã é um clamor, e ajuda a discernir, acolher e realizar a vontade do Pai. Se faltar essa atitude de abertura e de busca confiante, se grassarem a dúvida na força e no socorro de Deus, não há mais fé, mas apenas uma ideologia religiosa.

 

Sugestões para a meditação

§ Solte as asas da sua imaginação e coloque-se dentro desta história imaginaria, interagindo com os personagens

§ Procure sintonizar com os diferentes grupos sociais e cristãos que lutam desesperadamente por sua dignidade e seus direitos

§ Procure acolher, compreender e tirar as consequências da afirmação de que Deus leva a peito as dores dos seus filhos

§ A fé vivida e celebrada por sua comunidade suscita perseverança nas lutas e confiança na justiça de Deus?

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