Onde podemos ver
sinais de fé nesse mundo?
898 | 15 de novembro
de 2025 | Lucas 18,1-8
O episódio do evangelho de hoje se relaciona com
aquelas cenas e episódios que lemos e meditamos nos últimos dias pelo tema da
fé confiante e perseverante. A questão central não é propriamente a oração, mas
aquilo que a oração busca e expressa: a fidelidade de Deus e a confiança nele,
especialmente nos tempos de demora e de tribulação, quando tudo parece perigoso
e nebuloso.
A parábola do juiz e da viúva é, no mínimo,
inusitada. Se a figura de uma viúva injustiçada e indefesa pode facilmente
representar os discípulos em tempos de perseguição, um juiz desumano, agnóstico
e pragmático não parece uma boa representação da ação de Deus, ao menos da
imagem de Deus que Jesus Cristo nos apresenta em sua ação e em seu ensino.
Vivendo num tempo de perseguições violentas, de
aparente ausência ou de silêncio de Deus, a comunidade dos discípulos de Jesus
se questiona quando isso terá fim, quando Jesus se manifestará, finalmente e
claramente, em seu poder e glória. O risco da desilusão e da resignação é
grande, e só lhes resta uma arma para combatê-lo: a insistência, a confiança e
a perseverança.
É nisso que a figura da viúva suplicante reforça a
exortação de Jesus. Ela não se resigna, não se cansa e nem se intimida frente à
absoluta indiferença do juiz. A insistência é a única arma que lhe resta, dada
a sua extrema vulnerabilidade. Esta perseverança insistente de uma pessoa
indefesa produz seus frutos, pois acaba dobrando o juiz insensível.
A lição de Jesus é evidente. Se um juiz desumano e
injusto se dobra e atende, por razões pragmáticas, a demanda da viúva indefesa,
Deus Pai poderia ser menos que ele? O Pai está sempre atento aos clamores e
dores do seu povo, e pronto a atender as necessidades dos seus filhos e filhas
que clamam em tempos de injustiça.
Para Jesus, a oração não tem um caráter piedoso, mas engajado e
programático. A oração cristã é um clamor, e ajuda a discernir, acolher e
realizar a vontade do Pai. Se faltar essa atitude de abertura e de busca
confiante, se grassarem a dúvida na força e no socorro de Deus, não há mais fé,
mas apenas uma ideologia religiosa.
Sugestões para a meditação
§ Solte as asas da sua imaginação e coloque-se dentro desta
história imaginaria, interagindo com os personagens
§ Procure sintonizar com os diferentes grupos sociais e
cristãos que lutam desesperadamente por sua dignidade e seus direitos
§ Procure acolher, compreender e tirar as consequências da
afirmação de que Deus leva a peito as dores dos seus filhos
§ A fé vivida e celebrada por sua comunidade suscita
perseverança nas lutas e confiança na justiça de Deus?
Nenhum comentário:
Postar um comentário