Quem ama já passou
da morte para a vida
905 | 22 de novembro
de 2025 | Lucas 20,27-40
Jesus está em Jerusalém, no templo, onde, de
chicote na mão, acaba de causar um rebuliço Lá já enfrentara os chefes dos
sacerdotes, acusara-os através de uma parábola e desmascarara os espiões deles.
Agora, são os saduceus que pretendem enredar Jesus com uma questão doutrinal,
bem ao gosto deles. No evangelho segundo Lucas, esta é a terceira controvérsia dos
saduceus com Jesus.
Os saduceus formavam um grupo teologicamente conservador, agrupando
basicamente a elite sacerdotal e as famílias aristocráticas. Eles só
reconheciam a validade das leis e tradições escritas nos cinco primeiros livros
da bíblia, e não consideravam as tradições posteriores ou orais, que são, por
exemplo, as que testemunham o desenvolvimento da fé na ressurreição.
Por isso, a questão que eles apresentam a Jesus, baseada nas tradições e
leis do levirato (cf. Dt 25,5), não é uma questão real e viva, mas uma
estratégia para ridicularizar a fé na ressurreição dos mortos, apregoada pelos
fariseus e corroborada por Jesus. A lei do levirato existe, e se presta a
assegurar a descendência masculina, mas o caso apresentado é totalmente
imaginário e inverossímil.
A resposta de Jesus ao questionamento segue dois caminhos. O primeiro, é
um apelo à lógica dos tempos finais, que é uma lógica diferente daquela que
rege o tempo presente. Quando o ser humano chega à plena comunhão com Deus, não
tem mais necessidade da procriação, nem morre. É isso que significa ser igual
aos anjos: estar livre da necessidade de procriar e da lei da morte.
A segunda linha de argumento de Jesus é chamar a atenção para as
próprias escrituras aceitas pelos saduceus. Jesus cita as palavras de Moisés,
que fala de Deus como o Deus dos seus antepassados Abraão, Isaac e Jacó. Se
eles estivessem irremediavelmente mortos, Deus seria um Deus dos mortos, ou um
Deus morto.
Mas as duas
linhas de argumento de Jesus têm um só e único fundamento: a natureza ou
identidade de Deus. A fé na ressurreição é uma aposta no poder de Deus, que
cria e recria soprando seu Espírito. A ressurreição não é uma possibilidade
inscrita no ser humano, uma questão de biologia ou de antropologia, mas uma
possibilidade baseada no poder de Deus, ou uma questão teológica.
Sugestões para a meditação
§ Qual é o fundamento e quais são as consequências da nossa fé
na ressurreição dos mortos, que faz parte do nosso credo?
§ Será que não alimentamos uma visão ingênua da ressurreição,
como se tudo continuasse igual ao presente, como se os cadáveres revivessem?
§ Em que medida a nossa fé na ressurreição é uma força que nos
leva a arriscar generosamente nossa vida para que todos tenham vida?
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