quarta-feira, 5 de novembro de 2025

A ovelha e a moeda perdidas

Os pobres e excluídos estão no coração de Deus

889 | 06 de novembro de 2025 | Lucas 15,1-10

Não esqueçamos a porta de entrada dessas duas lindas e exigentes parábolas. Enquanto os pecadores e excluídos se aproximam e escutam Jesus, os fariseus e mestres da lei se afastam e criticam. Jesus se aproxima e se mistura com o povo para as quais o judaísmo fecha as portas, e os líderes religiosos se afastam e separam das pessoas que estão fora de um sistema religioso baseado na Lei. São caminhos divergentes, que se afastam cada vez mais.

Enquanto Jesus se abaixa, os fariseus se elevam. Enquanto Jesus se esvazia e se faz próximo, os fariseus incham e se afastam. Eles têm experiências de Deus diametralmente opostas daquelas que Jesus vive e propõe. Fariseus e mestres da lei se comportam como quem presume ser justo que não precisa de conversão. Eles se julgam as únicas pessoas que realmente dão alegria a Deus, porque realizam sua vontade cumprindo as leis até nos seus minúsculos detalhes.

Precisamos evitar a tentação de “torcer” estas parábolas, pensando que elas estejam tematizando a questão da conversão dos pecadores (os outros, não nós). O foco não é a conversão de quem está em situação de risco, mas o cuidado primoroso e o apreço de Deus por eles. Se a ovelha pode ser considerada “culpada” por perder-se, o mesmo não pode ser dito da moeda. Se alguém é responsável pela perda da moeda, esse alguém não é ela mesma! Portanto, o foco é o modo como Deus trata os excluídos.

Com estas duas parábolas Jesus justifica e defende sua missão e sua prática acolhedora e solidária. Seu modo de agir corresponde ao querer e ao agir do próprio Deus. Deus cuida, procura, resgata. Quem se escandaliza com ele, mesmo que ensine e cumpra as leis, não o conhece. Não passa de um ignorante ou traidor da vontade de Deus. Quer “ensinar o pai-nosso ao vigário”. Jesus não vem para cobrar os débitos atrasados, mas promulgar o Ano da Graça, do perdão, da indulgência de |Deus.

Os discípulos de Jesus são convidados a compartilhar a alegria do Pai, que, como o pastor e a dona de casa, chamam os amigos para festejar o êxito da missão. Para ele, ninguém é justo ou pode se dispensar da conversão. E, além de compartilhar a alegria de Deus, somos todos e sempre chamados participar da sua “saída” ao encontro dos “últimos” e excluídos dos bens e alegrias da vida.

 

Sugestões para a meditação

§ Não é verdade que a liberdade e a generosidade humana de Jesus e seu Evangelho às vezes escandalizam também a nós?

§ Será que entendemos realmente que Jesus se aproxima, busca e acolhe, e não se afasta, não julga e não se separa?

§ Perceba-se como a ovelha amada e procurada, como a moeda buscada e encontrada, motivo da alegria de Deus

§ Procure identificar quais são as pessoas e grupos “descartados” que, em nome de Jesus, devemos hoje buscar e encontrar

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