Adeus ano
velho!
Não
estranhe, pois eu não me perdi no calendário. No próximo sábado, cristãos se
despedem do ano 2025 do nascimento de Jesus e, no domingo, iniciam um ano novo.
O calendário dos cristãos não ordena a vida conforme o ritmo da natureza ou de
acordo com as exigências da produção; ele se orienta à nossa meta última: a
vida plena em Deus.
De
fato, temos muitos e diversos calendários: o ano agrícola, organizado em tempos
de semeadura e colheita; o ano escolar, com períodos letivos e de férias; o ano
financeiro, com seus tempos contábeis e tributários; o calendário esportivo,
com seus certames; o calendário político, com suas alianças e eleições; os
calendários indígena, chinês, judeu...
O
calendário litúrgico cristão está organizado em torno dos eventos fortes da
graça de Deus em nossa vida, e está atravessado e fecundado pela esperança. Ele
põe em evidência as celebrações que nos oferecem a possibilidade de participar
espiritualmente da vida peregrina, compassiva e ressuscitada de Jesus Cristo, e
nos antecipa a vida futura.
Iniciamos
a caminhada de preparação do natal do Filho de Deus e Filho da Humanidade
aceitando a convocação que Deus nos faz através do profeta Isaías: “Vinde
todos, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor. Vamos subir ao monte do Senhor
para que ele nos mostre os seus caminhos”. Transformemos as espadas em arados e
as lanças em foices!
O
Apóstolo Paulo nos adverte que já soou o tempo de despertar, de despojar-nos
das vestes das trevas, de agir como filhos do Dia, de abandonar brigas e
competições, de revestir-se de Cristo. É tempo de dizer adeus aos hábitos
violentos, à indiferença que corrói, ao ódio que destrói. São roupas que não
nos servem mais, como canta Elis Regina.
Iluminados
pela Palavra de Deus, vislumbremos o mundo sonhado por Deus. Basta de tronos
ornados de balas e armas! Chega de operações de contenção! Basta de leis concebidas
para blindar criminosos de colarinho branco e legalizar a depredação da Casa
Comum. “Precisamos todos rejuvenescer”, mas o tempo urge, e não podemos nos
distrair.
Jesus
apresenta-nos como exemplo a figura sábia de Noé: ele soube discernir o que era
essencial e o que era distração, não se perdeu na gestão de questões
transitórias. É hora de levantar a cabeça para ver longe, de ajustar o olhar e aquilatar
o valor dos pequenos gestos e das grandes causas. Pois Deus pode estar vindo de
novo nas manjedouras...
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