A vida não nos é
tirada, mas transformada
885 | 02 de novembro
de 2025 | Lucas 12,35-40
O
texto do Evangelho escolhido para iluminar a comemoração dos fiéis defuntos
enfatiza a espera vigilante. Jesus se dirige aos discípulos e discípulas, e sua
fala está marcada pelo contexto de crise da espera e do esmorecimento da
confiança que os discípulos da comunidade de Lucas enfrentavam com a demora do
“retorno” de Jesus. Sabemos que a esperança é essencial para quem segue Jesus,
e o Ano Santo vem para reforçar isso. Ninguém pode “baixar a guarda” ou perder
o rumo e o gosto de viver, mesmo quando a partida das pessoas queridas deixa um
vazio imenso.
Jesus ilustra esta
expectativa confiante recorrendo a duas imagens (o cinto amarado na cintura e
as lâmpadas acesas durante a noite) e com três parábolas. Para esperar
adequadamente o retorno do patrão da festa de casamento, o pessoal da casa deve
estar devidamente preparado: acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o
cinto apertado; sem nenhum obstáculo que possa dificultar ações rápidas. E isso
mesmo se o chefe da casa demorar. Assim, podem abrir a porta, sem demora nem
obstáculos. Nenhuma coisa ou causa pode nos desviar desse foco. São Paulo
repete que somos filhos do dia, que nossa vocação é viver acordados.
Se Jesus partiu, ele
voltará, pois não foi embora. Disso os discípulos não podemos duvidar. Mas
também não podemos esperar passivamente, “jogando-se nas cordas”. Precisamos
ser como o pessoal da casa da parábola. Jesus foi celebrar a aliança, e crer
nele significa ser uma Igreja em saída, mover-nos numa fé vigilante a ativa no
serviço aos irmãos e irmãs, com prioridade a quem mais precisa. É ela que
acende luzes na escuridão e aperta nossos cintos para que possamos caminhar com
segurança, uma vez que somos chamados a ser peregrinos de esperança.
Também com nossos entes queridos há um encontro desejado e
previsto, mesmo que não saibamos quando, como e onde. Não parece razoável ficar
à espera de possíveis sinais e manifestações de “almas” que perambulariam por
aí. A saudade que acende em nós o ardente desejo desse encontro não pode nos
induzir a viver despreocupados ou apenas resignados, esperando o tempo passar.
Assim, viveremos vigilantes na medida em que damos em tudo o melhor de nós
mesmos, e não abandonamos o que de melhor nos deixaram as pessoas que partiram.
Sugestões para a meditação
§ Acolha deste
texto as luzes e estímulos que você necessita para viver responsavelmente e
esperar realisticamente
§ Recorde
agradecido o nome, o rosto, a história e a melhor herança deixada pelas pessoas
queridas que partiram
§ Tendo presente
esta herança e o testemunho de tantos cristãos, como você honrar a vida e não
apenas sobreviver, honrar seus falecidos e não apenas lamentar?
§ Como não reduzir o “dia dos finados” a um dia de tristeza,
lamento e revolta contra Deus ou o destino?
Nenhum comentário:
Postar um comentário