Deus mora onde reina
o amor fraterno
908 | 25 de novembro
de 2025 | Lucas 21,5-11
No trecho do evangelho que lemos e meditamos ontem, Jesus
denunciava o modo descarado como o templo e os doutores da lei exploravam as
viúvas e demais pessoas pobres, especialmente através do dízimo e das doações.
No episódio que estamos meditando hoje, na última semana do tempo comum, Jesus
continua criticando o templo, e afirma que ele não é mais o lugar de Deus.
É importante levar em conta que o templo de Jerusalém tem
pouco a ver com os templos de hoje, como a Basílica de São Pedro (Roma), a
Basílica de Nossa Senhora Aparecida (São Paulo) ou o Santuário do Divino Pai
Eterno (Trindade). No tempo de Jesus, o templo de Jerusalém era um símbolo da
identidade nacional, uma espécie de banco central dos judeus e o lugar onde se
reunia o tribunal do Sinédrio. Em suma, era uma espécie de praça dos três
poderes, como a que temos em Brasília.
Jesus havia dito que, não obstante sua origem e sua
história, há muito tempo o templo deixara de ser um lugar de culto e um espaço
respeitado como asilo, e se tornara uma espelunca de rapinadores. Mesmo assim,
a grandiosidade do edifício, a riqueza da sua decoração, o movimento intenso de
fiéis que ele atraía, o vultoso comércio que girava em torno dele, causa forte
impressão no povo. Os peregrinos contemplam sua suntuosidade e o veem como
sinal de estabilidade e de relevância.
Como já sabemos, Jesus não se deixa impressionar pela
suntuosidade e estabilidade do templo. Ele tem a convicção de que Deus fora
expulso de lá há muito tempo. Por mais que que ele pareça sólido e
indispensável, virá a ser destruído, e não sobrará nada daquele edifício
imponente. E isso não será ruim para o povo, mas uma libertação, o fim de uma
época de exploração, uma reviravolta desejada por Deus.
Mas não
adianta tentar adivinhar quando isso deverá acontecer, e que sinais que o
anunciarão. Alarmistas e falsos messias existirão sempre. O importante é não se
apavorar, pois trata-se da destruição das estruturas de opressão. Mas também não
há lugar para uma espera passiva, sem fazer nada. Jesus e a comunidade dos
discípulos e discípulas substituem o templo. Onde dois ou três se reúnem em seu
nome e para prosseguir o que ele fez, Deus está ali. Deus está no calvário,
entre os crucificados, e nas encruzilhadas, entre os pobres e lutadores. Essa é
a boa notícia.
Sugestões para a meditação
§ Releia com calma esta cena e as palavras de Jesus, dando
atenção às comparações misteriosas
§ Será que os cristãos levamos a sério de verdade que o templo
de Deus somos nós, que ele está onde nos reunimos em seu nome?
§ Que atitudes e caminhos precisamos tomar para evitar as
pregações que assustam e intimidam o povo?
§ Quais são hoje os sinais que anunciam de modo discreto ou
impressionante que um Novo Tempo está despontando?
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