Não sejamos motivo
de tropeço para os pobres
893 | 10 de novembro
de 2025 | Lucas 17,1-6
O texto proposto para hoje é uma
continuidade das “conversas à mesa”, nas quais Jesus fala da misericórdia com
que Deus trata seus filhos e filhas, da necessidade de fazer bem as contas para
segui-lo sem recuar, da atenção solidária para com os pobres e vulneráveis.
Isso não é e nunca foi facultativo na escola de Jesus.
Depois de se dirigir aos escribas e
fariseus, que eram mais amigos do dinheiro que das pessoas, Jesus volta-se aos
discípulos, e aborda a questão das dificuldades internas da comunidade cristã.
Jesus não tem uma visão idealizada nem ingênua da sua comunidade. Ele faz
questão de dizer que os escândalos existem de fato, que são inevitáveis e não
podem ser escamoteados, mas isso não diminui a gravidade.
Literalmente, “escândalo” significa a
pedra que alguém põe numa trilha para fazer o outro tropeçar e cair. Por isso,
em que pese serem normais as divisões e tropeços, quem faz os mais fracos
tropeçarem na fé por causa das práticas incoerentes mereceria uma pena muito
severa: ser amarrado numa pedra muito maior e ser jogado no mar. Para atrair
tamanha punição, o escândalo deve ser coisa muito grave!
Mas se o tropeço é inevitável, na
vida em comunidade o perdão é essencial, indispensável. Na verdade, o perdão
merece mais atenção que o escândalo. “Prestai atenção!”, adverte Jesus para
sublinhar isso. A comunidade precisa exercitar o ministério do perdão e da
reconciliação com quem reconhece e se arrepende de seus erros, inclusive se a
conta dos tropeços sobe e chega a sete por dia!
Se isso nos incomoda, incomodou mais
ainda os apóstolos, que reagiram dizendo que a fé que vivem não chega a tanto.
A vivência da misericórdia, da solidariedade e da reconciliação só é possível
no horizonte da fé, da adesão ao Evangelho e da imitação de Jesus Cristo. Nem
tudo se resolve no voluntarismo, no “basta querer”.
Mas
não precisamos de uma fé heroica, apenas de uma fé normal. Jesus não está
aludindo a uma fé miraculosa, pois ele mesmo se recusou a produzir sinais que
impressionassem o povo e atraísse admiração. A fé autêntica tem seu dinamismo e
sua força, e não é questão de quantidade. A adesão sincera a Jesus e a graça do
Evangelho têm força para mudar as relações humanas!
Sugestões para a meditação
§ Leia e releia este episódio,
procurando entender as expressões e as ênfases de Jesus nessa catequese
dirigida aos discípulos
§ Na sua comunidade e na sua família
ocorre o fato de alguns colocarem pedras para que os outros tropecem e entrem
em crise?
§ Como entender a dura palavra de Jesus:
“melhor seria que lhe amarrassem uma pedra de moinho e o jogassem no mar”?
§ O que o perdão e a reconciliação têm a
ver com a fé? E o que significa a comparação que Jesus faz com a remoção da
amoreira?
Nenhum comentário:
Postar um comentário