A fé nos ajuda a
buscar soluções viáveis
894 | 11 de novembro
de 2025 | Lucas 17,7-10
Em nossa de meditação de ontem buscávamos um
sentido atual para as advertências de Jesus sobre a inevitabilidade e a
gravidade dos escândalos no interior das comunidades cristãs. Jesus insiste na
necessidade do perdão e da reconciliação, sem os quais a vida cristã se torna
impossível. Entretanto, isso não significa relativizar a responsabilidade
quando escandalizamos os pobres.
Mas cultivar e manter a reconciliação não é nada
fácil, e leva os discípulos a pedir que Jesus lhes aumente a fé. Somente a fé
pode nos ajudar a transpor os empecilhos. Depois de ilustrar a força (e não a
quantidade) da fé, Jesus conta a parábola que meditamos hoje. A história é
muito verossímil, pois trata de uma experiência amplamente conhecida e tolerada
no mundo escravagista antigo: o escravo deve tudo ao seu dono, e não goza de
nenhum direito frente a ele.
Jesus não elogia o patrão, nem compara Deus com um
proprietário de escravos. O foco da parábola é a atitude de empenho
incondicional, serviço incansável e gratuidade integral que deve caracterizar
todas as dimensões da vida dos discípulos e discípulas. A fé é obediência e
serviço ativo e desinteressado, sem nenhuma pretensão de cobrar vantagens,
dividendos ou méritos. A fé nos faz incansáveis no serviço aos outros, e não
significa apenas crer e esperar passivamente um milagre.
Assim foi Jesus, e assim ele espera que sejamos
nós, seus discípulos e discípulas. O Concílio Vaticano II já dizia que a fé
ilumina a nossa inteligência para que sejamos capazes de encontrar soluções
concretas para os problemas humanos concretos. Portanto, a fé não pode ser
reduzida à aceitação resignada de uma doutrina, ou à crença desesperada de que
Deus poderá fazer um milagre e salvar-nos dos perigos.
É verdade que há situações para as quais não visualizamos nenhuma
solução, e diante delas nos sentimos impotentes e derrotados. Muitas vezes
perguntamo-nos: Será que vale a pena ser correto, tolerante e engajado,
sonhador e construtor de fraternidades sem fronteiras? Nesses casos, e só
depois de tentar fazer tudo com insistência e santa teimosia, podemos dizer,
sem falsidade nem resignação: “Fizemos o que devíamos fazer. Somos
dispensáveis!” Mas, por isso mesmo, continuamos nossa busca de sentido para
viver, amar e servir.
Sugestões para a meditação
§ Leia e releia a parábola, meditando sobre ela, sem levar em
conta o horizonte escravagista no qual a história está situada
§ Como você se sente quando, depois de ter feito tudo o que
era possível, não conseguiu bons resultados, nem reconhecimento?
§ Você não acha que às vezes caímos na tentação de exigir
méritos, créditos e benefícios de Deus pela vivência da fé?
§ Como nossa fé pode ser luz e força, por exemplo, diante do
enorme e indecente problema da pobreza, da fome e da guerra?
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