Precisamos reconhecer
o tempo da visita de Deus
903 | 20 de novembro
de 2025 | Lucas 19,41-44
Depois de uma longa e frutuosa viagem da Galileia
até Jerusalém, durante a qual manifestou a novidade libertadora do Reino de
Deus e formou seus discípulos na vivência dessa novidade, Jesus chega às portas
da cidade de Jerusalém. Na entrada, no Monte das Oliveiras, é saudado e aclamado
pelos seus discípulos como Messias esperado, sob o olhar vigilante e o semblante
estupefato dos fariseus. Conhecemos essa cena e a celebramos solenemente no
Domingo dos Ramos.
Enquanto as lideranças olham com suspeita para Jesus e seus discípulos e
discípulas, Jesus contempla, comovido, a cidade que abriga o templo para onde
acorrem as “tribos de Javé”, e onde deveria estar a “sede da justiça”. Ele
percebe que, por causa da cegueira religiosa e da miopia política dos seus
responsáveis, Jerusalém já não é mais o “caminho da paz” e o refúgio dos
pobres. Por isso, seu olhar sobre a outrora desejada capital é turvado pelas
lágrimas.
Mas o desabafo comovido de Jesus ressoa como lamento e advertência
profética à espera de conversão que ecoa mais como lamento que como ameaça. Em
sua lucidez, ele é capaz de perceber a destruição que se desenha no horizonte e
ameaça a cidade amada e cantada, e a ruína que se avizinha dos seus habitantes.
Tudo provocado pela cegueira religiosa e pela miopia política, e não como
destino inexorável resultado da ação de um Deus que se compraz em punir.
Como haviam reconhecido com surpresa muitas pessoas que tiveram a
venturosa oportunidade de encontrar Jesus no seu caminho de subida a Jerusalém,
nele é Deus que visita e salva seu povo. Necessário se faz levar a sério essa
visita, abrir-lhe as portas da vida e da cidade, não desperdiçar a “hora” de
Deus. O tempo de conversão é agora! Hoje é o dia da salvação! Não podemos adiar
nossa adesão, e não há como desperdiçar impunemente a oportunidade.
Os dois últimos
versículos não são uma ameaça, como pode parecer aos desavisados. Lucas escreve
seu evangelho na década 80 da era cristã, depois da destruição de Jerusalém pelo
império romano. O que Lucas faz é “colocar na boca de Jesus” uma interpretação
teológica e retroativa desse acontecimento: ele decorre da “cabeça dura” dos
dirigentes do judaísmo, que, aferrados aos seus preconceitos, fecharam-se à
novidade de Jesus.
Sugestões para a meditação
§ Retome esta cena inserindo-se nela, com os discípulos e com
Jesus
§ Observe as reações do seu rosto, o tom carregado de emoção
do seu lamento, as palavras e expressões que usa
§ Procure o que Jesus está dizendo hoje às pessoas que dirigem
as Igrejas que falam em nome dele, e os que dirigem nosso país
§ E se Jesus se dirigisse à sua família e à sua comunidade,
qual seria o tom das suas palavras e o que ele diria?
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