A função dos bens é
a fraternidade solidária
890 | 07 de novembro
de 2025 | Lucas 16,1-8
Este é um dos textos mais difíceis do
Evangelho. Está situado literariamente depois das três parábolas dirigidas aos
fariseus (a ovelha, a moeda e o filho perdidos, e a alegria de quem os
reencontrou). Mas, desta vez, Jesus se dirige aos discípulos, e isso é
importante para compreender a parábola. Ele não está polemizando com ninguém,
mas formando os seus seguidores.
A parábola fala de um administrador
acusado de esbanjar os bens do patrão, bens que não lhe pertencem. Diante da
denúncia e da iminente demissão, ele reflete, decide e age com rapidez e
esperteza. O administrador sabe que o tempo presente é decisivo para seu
futuro, por isso analisa, pondera e decide. Ele não se defende da acusação, mas
procura um jeito esperto de garantir seu próprio futuro.
A parábola dá apenas dois exemplos
dessa esperteza do administrador. Muitos outros seriam possíveis, mas o que
interessa a Jesus é demonstrar a esperteza, a estratégia. O sujeito é
administrador, “filho deste mundo”, e sabe como “se virar” para “salvar a pele”.
Os discípulos, filhos da luz, devem saber decidir à luz do Reino de Deus, no
meio de um mundo que se rege por outra lógica.
O que deve ser imitado não é a ação interesseira,
desonesta e ilegal do empregado, mas sua capacidade de agir bem no breve tempo
presente em vista do futuro. Quem segue Jesus deve ter lucidez e sabedoria para
encarnar na provisoriedade deste mundo a fraternidade, a justiça, o serviço, a
compaixão, e os demais valores definitivos do Reino de Deus.
Como filhos e filhas da luz, nas
avaliações e decisões estratégicas que devemos tomar permanentemente, não
podemos guiar-nos pelo medo ou pelo apego a pequenas e transitórias vantagens
para grupos privilegiados. Nada de medo de “sujar as mãos” no mundo da política
e da economia. O que é preciso é subordiná-lo à fraternidade, ao bem comum.
Tudo deve estar a serviço disso!
Quando temos o Reino de Deus como
único tesouro, o medo se afasta, os olhos se abrem, e a criatividade tira-nos
da comodidade. E não se trata de “salvar a própria pele”, mas de ter diante dos
olhos o bem-estar da humanidade, as necessidades dos pobres, dos “devedores”,
das pessoas tratadas como não-cidadãs. Esta é a esperteza dos discípulos de
Jesus, dos filhos e filhas da luz. O resto é ambição e capitulação.
Sugestões para a meditação
§ Considere também o exemplo do pai
misericordioso, que empenha todos os bens (que não pertencem totalmente a ele)
para acolher o filho e refazer a comunhão familiar (15,11-32)
§ Leia e releia a parábola, colocando-se
no lugar dos discípulos, sem esquecer o todo do ensino e da prática de Jesus
§ Quais são os critérios que guiam
nossas decisões nos momentos mais difíceis e urgentes, nos quais nosso futuro
este em jogo?
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