quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Os bens e o bem comum

A função dos bens é a fraternidade solidária

890 | 07 de novembro de 2025 | Lucas 16,1-8

Este é um dos textos mais difíceis do Evangelho. Está situado literariamente depois das três parábolas dirigidas aos fariseus (a ovelha, a moeda e o filho perdidos, e a alegria de quem os reencontrou). Mas, desta vez, Jesus se dirige aos discípulos, e isso é importante para compreender a parábola. Ele não está polemizando com ninguém, mas formando os seus seguidores.

A parábola fala de um administrador acusado de esbanjar os bens do patrão, bens que não lhe pertencem. Diante da denúncia e da iminente demissão, ele reflete, decide e age com rapidez e esperteza. O administrador sabe que o tempo presente é decisivo para seu futuro, por isso analisa, pondera e decide. Ele não se defende da acusação, mas procura um jeito esperto de garantir seu próprio futuro.

A parábola dá apenas dois exemplos dessa esperteza do administrador. Muitos outros seriam possíveis, mas o que interessa a Jesus é demonstrar a esperteza, a estratégia. O sujeito é administrador, “filho deste mundo”, e sabe como “se virar” para “salvar a pele”. Os discípulos, filhos da luz, devem saber decidir à luz do Reino de Deus, no meio de um mundo que se rege por outra lógica.

O que deve ser imitado não é a ação interesseira, desonesta e ilegal do empregado, mas sua capacidade de agir bem no breve tempo presente em vista do futuro. Quem segue Jesus deve ter lucidez e sabedoria para encarnar na provisoriedade deste mundo a fraternidade, a justiça, o serviço, a compaixão, e os demais valores definitivos do Reino de Deus.

Como filhos e filhas da luz, nas avaliações e decisões estratégicas que devemos tomar permanentemente, não podemos guiar-nos pelo medo ou pelo apego a pequenas e transitórias vantagens para grupos privilegiados. Nada de medo de “sujar as mãos” no mundo da política e da economia. O que é preciso é subordiná-lo à fraternidade, ao bem comum. Tudo deve estar a serviço disso!

Quando temos o Reino de Deus como único tesouro, o medo se afasta, os olhos se abrem, e a criatividade tira-nos da comodidade. E não se trata de “salvar a própria pele”, mas de ter diante dos olhos o bem-estar da humanidade, as necessidades dos pobres, dos “devedores”, das pessoas tratadas como não-cidadãs. Esta é a esperteza dos discípulos de Jesus, dos filhos e filhas da luz. O resto é ambição e capitulação.

 

Sugestões para a meditação

§ Considere também o exemplo do pai misericordioso, que empenha todos os bens (que não pertencem totalmente a ele) para acolher o filho e refazer a comunhão familiar (15,11-32)

§ Leia e releia a parábola, colocando-se no lugar dos discípulos, sem esquecer o todo do ensino e da prática de Jesus

§ Quais são os critérios que guiam nossas decisões nos momentos mais difíceis e urgentes, nos quais nosso futuro este em jogo?

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