Cuidado para que não
se tornar insensível!
912 | 29 de novembro
de 2025 | Lucas 21,34-36
Fim do ano litúrgico, fim do “discurso escatológico” de
Jesus. Amanhã, inauguraremos um tempo novo, e esperamos que não seja apenas no
calendário da Igreja. Isso depende de nós, ao menos em boa parte. Mas Jesus nos
adverte: tomemos cuidado para que as coisas não nos surpreendam muito ocupados
em não fazer nada, ou ocupados apenas em “fazer shopping” e organizar festas e
férias.
Quando Jesus fala de “preocupações” não se refere a coisas
necessariamente ruins, mas às “pequenas causas” ou interesses míopes que nos
distraem daquilo que é essencial: esperar e preparar o Reino de Deus mediante
uma vida alicerçada no amor, na justiça, na solidariedade e na gratuidade.
Trata-se de ocuparmo-nos com a construção de outro mundo possível, e não apenas com o consumo enlouquecido ou a
manutenção dos privilégios de alguns. É isso que significa permanecer de pé
diante do Filho do Homem, como o evangelista Lucas coloca na boca de Jesus.
Jesus fala que os desfechos mais importantes da vida chegam
subitamente, e de modo imprevisível: como um laço, ou como uma armadilha que
despenca repentinamente sobre todas as pessoas. A oração e a capacidade de
análise e discernimento do sentido dos acontecimentos são os dois trilhos que
nos mantêm no rumo certo e nos dão força e ânimo para enfrentar as dificuldades
e gerar a novidade alternativa requerida pelo Evangelho em meio às
instabilidades.
Com esse ensinamento, Jesus termina a primeira parte das
“lições” para a formação dos discípulos. Ele iniciou seu ministério de mestre
no templo, aos doze anos, e, no mesmo templo, conclui esta parte. A lição
decisiva ele a dará logo em seguida, quando será preso, julgado e eliminado do
templo e do meio dos viventes. Será a sua “prova dos nove”. A prova que
verificará a solidez da nossa fé não será diferente: é nas encruzilhadas que se
revela a perspicácia dos viajantes.
O
caminho do tempo comum termina no exato momento em que Jesus é julgado em
Jerusalém, epopeia que já meditamos e revivemos na semana santa. Amanhã
começaremos a ouvir a Palavra que nos pede olhar para as fronteiras, para os
porões, para os desertos e as estrebarias, porque lá está sendo gerada a grande
novidade, que não é exatamente aquela do campeão brasileiro de futebol.
Sugestões para a meditação
§ Leia atentamente esta cena e as palavras de Jesus,
relacionando-as com o conjunto do seu ensinamento
§ O que hoje provoca em nós mais insensibilidade, embriaguez e
preocupações que mudam nosso foco e nos dispersam?
§ Você cultiva a esperança de que “um outro mundo é possível”,
ou não acredita em mais nada?
§ O que significa para você, hoje, no meio de tantas incertezas
e dificuldades, ficar atento e rezar?
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