Senhor, não sou digno que entres em minha casa!
914 | 30 de novembro de 2025 | Mateus 8,5-11
Depois de apresentar a primeira etapa do processo de formação que
Jesus oferece aos seus discípulos, o evangelista São Mateus inicia a fase
narrativa de seu evangelho descrevendo o Reino de Deus em ação. Também nisso
Jesus forma, educa e orienta seus discípulos missionários. Ontem, iniciando o
advento, ouvíamos Jesus sublinhar que a figura desse mundo injusto passa, apesar
das aparências de estabilidade, e há sinais de novidade no ar.
No
evangelho de hoje Mateus nos mostra como Jesus derruba os muros e atravessa as
fronteiras nacionais, étnicas, religiosas e sociais. E faz isso evitando os
centros de poder e deslocando-se sempre em direção às margens e periferias
sociais. Ele usa os meios da Palavra e do toque, da compaixão e da
misericórdia, sem recorrer a ações portentosas e capazes impressionar. São
ações que beneficiam os necessitados, e não subjugam ninguém.
No
início da cena de hoje se confrontam dois reinos (o império romano e o de Deus)
e duas etnias (os judeus e os pagãos). Enquanto o oficial romano é um homem cuja
voz é uma ordem e se impõem pelo poder e pelo medo, seu escravo é um homem sem
voz, que não conta para provocadas pela própria ocupação colonialista. Como
sabemos, muitas enfermidades são provocadas pelas situações sociais conflitivas
e opressivas.
A figura
do oficial romano é ambivalente, pois ele faz parte da estrutura de violência
do império romano, mas, ao mesmo tempo, é um pagão, e, como tal, é desprezado
pelos judeus. Pela confiança radical na força libertadora da pessoa e da
Palavra de Jesus para curar alguém tratado por ele mesmo como simples
propriedade, este oficial chama a atenção e suscita o elogio de Jesus.
A
atitude desse chefe pagão inspira a vida cristã. A fé desse soldado chefe de um
departamento do exército é exemplo até para os judeus mais piedosos, e para os
cristãos mais engajados. Em cada celebração eucarística, repetimos suas
palavras com o desejo de assimilar sua atitude. “Senhor, eu não sou digno que
entres em minha casa, mas uma palavra tua basta para curar-me”.
Iniciando a caminhada de
preparação para a celebração litúrgica do nascimento de Jesus, também nós somos
convidados a acolher essa Palavra que ilumina, forma, guia e cura. Ela é que
nos trará vida e felicidade. A Palavra do Evangelho, que é sempre Boa Notícia, abre
portas e constrói pontes para reunir a humanidade numa só família. Não a
substituamos pelo “bom velhinho” e seu saco de presentes! Ele não passa de
fantasia e estratégia comercial...
Sugestões para a
meditação
§ Preste atenção na atitude, nos gestos e nas palavras do oficial romano:
ele pede em favor de um escravo, que é uma das suas propriedades, que talvez
ele mesmo tenha torturado, uma vez que isso era permitido pela a lei
§ O oficial expressa sua fé na força da Palavra e da compaixão de Jesus
por aqueles que não tem voz nem vez
§ Você deseja que Jesus entre na sua casa, anuncie seu Evangelho e lhe
indique o caminho para o bem viver?
Nenhum comentário:
Postar um comentário