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Dia da justiça social
No final do século XIX, Juan Pío Acosta morava na
fronteira uruguaia com o Brasil. Seu trabalho o obrigava a ir e vir, de povoado
em povoado, através daquelas solidões.
Viajava numa carroça puxada a cavalos, junto a oito
passageiros de primeira, segunda e terceira classe. Juan Pío comprava sempre
passagem de terceira, que era mais barata.
Nunca entendeu por que havia preços diferentes. Todos
viajavam da mesma forma, os que pagavam mais e os que pagavam menos: apertados
uns contra os outros, mordendo pó, sacudidos pelo incessante sacolejar.
Nunca entendeu, até que num dia de inverno a carroça
encalhou no barro. E então o manda-chuva ordenou: “Os da primeira classe, que
fiquem onde estão. Os da segunda, que desçam. E os da terceira, que empurrem!”
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 68)
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