Linus Pauling
Quando estava descendo pela escada em caracol de um
navio, pensou que bem podia ser que as moléculas das proteínas viajassem
daquele jeito, em espiral e sobre solo ondulado. E isso acabou virando um
achado científico.
Quando descobriu que os automóveis tinham a culpa do
muito que ele tossia na cidade de Los Angeles, inventou o automóvel elétrico,
que foi um fracasso comercial.
Quando ficou doente dos rins, e viu que os remédios
não adiantavam nada, se receitou comida saudável e bombardeios de Vitamina C. E se curou.
Quando explodiram as bombas em Hiroshima e Nagasaki,
foi convidado para dar uma conferência científica em Hollywood, e quando
percebeu que não havia dito o que que queria dizer, passou a emcabeçar a
campanha mundial contra as armas nucleares.
Quando recebeu o prêmio Nobel pela segunda vez, a
revista Life disse que aquilo era um
insulto. Em duas ocasiões o governo dos Estados Unidos já o havia deixado sem
passaporte, porque era suspeito de simpatias comunistas, ou porque havia dito
que Deus era uma idéia não necessária.
Eke se chamava Linus
Pauling. Nasceu no dia 28 de fevereiro de 1901, enquanto nascia o século
XX.
(Eduardo Galeano, Os Filhos dos Dias, L&PM, 2012, p.
76)
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