Jerônimo havia encabeçado a resistência dos índios
apaches do século XIX.
Esse chefe dos invadidos sempre teve má fama, porque
sua coragem e sua astúcia fizeram os invasores enlouquecerem durante muitos
anos. E, no século seguinte, ele foi o mais malvado dos malvados nos filmes do
Velho Oeste.
Seguindo essa tradição, o governo dos Estados Unidos
batizou como Operação Jerônimo o fuzilamento
de Osama bin Laden, crivado de balas e desaparecido no dia 2 de maio de 2011.
Mas o que tinha Jerônimo a ver com Bin Laden, o
delirante califa que foi fabricado nos laboratórios militares dos Estados
Unidos? Em que Jerônimo se parecia ao assustador professional que anunciava que
ia comer cruas todas as crianças cada vez que um presidente norte-americano
precisava justificar uma guerra?
O nome escolhido não era inocente: estava dizendo que
haviam sido terroristas os guerreiros indígenas que defenderam sua dignidade e
suas terras contra a conquista estrangeira.
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 148)
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