Lorde Lytton |
Glórias naturais
A rainha Vitória era a mais entusiasta admiradora, e a
única leitora, dos versos de lorde Lytton, seu vice-rei na Índia. Movido por
gratidão literária ou pelo fervor pátrio, o poeta vice-rei ofereceu um
gigantesco banquete em sua homenagem.
Quando Vitória se proclamou imperatriz, lorde Lytton
recebeu em seu palácio de Délhi setenta mil convidados, durante sete dias e
sete noites. Segundo alardeou o jornal The
Times, aquela foi “a mais cara e colossal refeição de toda a história
universal”.
Em plena seca, enquanto o sol fritava os campos e a
noite os congelava, o vice-rei leu no banquete a alentadora mensagem da
imperatriz Vitória, que desejava aos seus súditos hindus, “felicidade,
prosperidade e bem-estar”.
O jornalista inglês William Digby, que andava por lá,
calculou que uns cem mil hindus tinham morrido de fome durante os sete dias e
sete noites da grande comilança.
(Eduardo Galeano, Espelhos, L&PM, 2010, p. 207)
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