Protocolo Facultativo entra em vigor
Ir. Irio Luiz
Conti msf
No dia 5 de maio entrou em vigor o Protocolo
Facultativo ao Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(PF- PIDESC). Este Protocolo foi aprovado, por unanimidade, pela Assembleia Geral
da Organização das Nações Unidas, no dia 10 de dezembro de 2008.
Com a entrada em vigor, as vítimas de violações de
direitos econômicos, sociais e culturais, como por exemplo, o direito à
alimentação, à saúde, à habitação e à educação, que não encontram soluções em
seus próprios países, agora dispõem de um mecanismo para apresentar suas
queixas e denúncias em âmbito internacional ante o Comitê de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais da ONU.
Em 1966 um mecanismo similar foi adotado no caso dos
direitos civis e políticos. A entrada em vigor do PF-PIDESC representa um
importante passo na proteção dos direitos humanos no sistema internacional.
Pois, ao ratificá-lo, os Estados confirmam que os direitos sociais, econômicos
e culturais são tão aplicáveis como os direitos civis, como por exemplo, a
liberdade de expressão.
A FIAN Internacional iniciou o trabalho em torno da
elaboração e ratificação deste Protocolo em 1993, durante a realização da
Conferência Internacional de Direitos Humanos em Viena. Nos últimos oito anos
constituiu-se uma coalizão de mais de 300 organizações da sociedade civil que
vem realizando chamamentos e pressionando os governos nacionais pela
ratificação.
O Uruguai foi o décimo país a ratificar o Protocolo,
há três meses. Os dez Estados pioneiros na ratificação do Protocolo até o
momento são Argentina, Espanha, Equador, Mongólia, Bolívia, Bósnia e
Herzegovina, Eslováquia, El Salvador, Portugal e Paraguai. A pluralidade de
países que já ratificaram o Protocolo mostra que os direitos humanos são um
clamor internacional dos diferentes povos.
Em 15 de junho de 2010 o Consea se pronunciou, através
de uma Exposição de Motivos (E.M. nº 006-2010/CONSEA), dirigida à Presidência
de República, nestes termos: “entendemos como natural que o Governo Brasileiro
adote uma posição proativa no processo de assinatura e ratificação do Protocolo
Facultativo, tanto na América Latina como no mundo. Contudo, e levando em
consideração o papel preponderante que o governo brasileiro teve neste
processo, é preocupante que o Brasil ainda não integre a lista de países que
apoiam o envio da mensagem para adoção do Protocolo Facultativo do PIDESC ao
pleno da Assembleia Geral da ONU”.
Na mesma oportunidade a plenária do Consea deliberou
as seguintes recomendações ao governo Brasileiro: “que o Estado brasileiro
assine e ratifique o Protocolo Facultativo, sem reservas, a fim de assegurar
que o mesmo entre em vigor o mais breve possível em âmbito internacional; e que
o Estado brasileiro adote todas as medidas necessárias para implementar
integralmente o Protocolo Facultativo ao Pidesc em âmbito interno”.
Indiscutivelmente, o Protocolo é mais um passo no
compromisso dos Estados com a adoção de instrumentos de proteção e promoção dos
direitos econômicos, sociais e culturais perante o sistema internacional de
direitos humanos. Oxalá, o Estado brasileiro não tarde em ratificar mais este
Protocolo, que é mais uma conquista importante dos movimentos e organizações
sociais e dos Estados que primam por uma cultura de direitos.
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