No ano de 2011, milhares de jovens, despojados de suas
casas e de seus empregos, ocuparam as praças e as ruas de várias cidades da
Espanha.
E a indignação se disseminou. A boa saúde acabou sendo
mais contagiosa que as pestes, e as vozes dos indignados atravessaram as fronteiras desenhadas nos mapas. Assim
ecoaram pelo mundo:
Disseram para a gente ‘já pra rua’, e aqui estamos.
Apague a televisão e ligue a rua!
Chamam de crise, mas é roubo!
Não falta dinheiro: sobram ladrões!
O mercado governa. Eu não votei nele!
Eles decidem pela gente, sem a gente!
Aluga-se escravo econômico.
Estou procurando meus direitos. Alguém os viu por aí?
Se não deixam a gente sonhar, não vamos deixá-los
dormir!
(Eduardo Galeano, Os filhos dos dias, L&PM, 2012,
p. 161)
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