quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O evangelho dominical - 08.01.2017

UMA NOVA ETAPA

Antes de narrar a Sua atividade profética, os evangelistas falam-nos de uma experiência que vai a transformar radicalmente a vida de Jesus. Depois de ser batizado por João, Jesus sente-se o Filho querido de Deus, habitado plenamente pelo Seu Espírito. Alentado por esse Espírito, Jesus põe-se em marcha para anunciar a todos com a Sua vida e a Sua mensagem a Boa Nova de um Deus amigo e salvador do ser humano.
Não é estranho que, ao convidar-nos para viver nos próximos anos «uma nova etapa evangelizadora», o papa nos recorde que a Igreja necessita mais do que nunca «evangelizadores do Espírito». Sabe muito bem que só o Espírito de Jesus nos pode infundir força para colocar em marcha a conversão radical que necessita a Igreja. Por que caminhos?
Esta renovação da Igreja só pode nascer da novidade do Evangelho. O papa convida-nos a escutar também hoje a mesma mensagem que Jesus proclamava pelos caminhos da Galileia, não outra diferente. Temos de «voltar à fonte para recuperar a frescura original do Evangelho». Só desta forma «poderemos quebrar esquemas enfadonhos em que pretendemos fechar Jesus Cristo».
O papa está a pensar numa renovação radical «que não pode deixar as coisas como estão; já não serve uma simples administração». Por isso nos pede para abandonar o cómodo critério pastoral do «sempre se fez assim» e insiste uma e outra vez: «Convido a todos a ser audazes e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das próprias comunidades».
Francisco procura uma Igreja em que se empenhe em comunicar a Boa Nova de Jesus ao mundo atual. «Mais do que o temor de nos enganar, espero que nos mova o temor de nos fecharmos em estruturas que nos dão uma falsa satisfação, em normas que nos tornam juízes implacáveis, em costumes onde nos sentimos tranquilos, enquanto fora há uma multidão faminta e Jesus nos repete sem cansar-se: Dai-lhes vós de comer».
O papa chama-nos a construir «uma Igreja com as portas abertas», pois a alegria do Evangelho é para todos e não se deve excluir a ninguém. Que alegria poder escutar dos seus lábios uma visão de Igreja que recupera o Espírito mais genuíno de Jesus quebrando atitudes muito arraigadas durante séculos! «Frequentemente comportamo-nos como controladores e não como facilitadores da Graça. Mas a Igreja não é uma alfândega, é a casa do pai, onde há lugar para cada um com a sua vida atrás».
José Antonio Pagola

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