quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

O Evangelho dominical: 22.01.2017

ALGO NOVO E BOM


O primeiro escritor que recolheu a atuação e a mensagem de Jesus resumiu tudo dizendo que Jesus proclamava a «Boa Nova de Deus». Mais tarde, os demais evangelistas utilizam o mesmo termo grego (euaggelion) e expressam a mesma convicção: no Deus anunciado por Jesus, as pessoas encontravam algo «novo» e «bom».
Há todavia nesse Evangelho algo que possa ser lido, no meio da nossa sociedade indiferente e descrente, como algo novo e bom para o homem e a mulher dos nossos dias? Algo que se possa encontrar no Deus anunciado por Jesus e que não é proporcionado facilmente pela ciência, pela técnica ou pelo progresso? Como é possível viver a fé em Deus nos nossos dias?
No Evangelho de Jesus, os crentes, encontramo-nos com um Deus desde o qual podemos sentir e viver a vida como uma oferenda que tem a sua origem no mistério último da realidade que é o Amor. Para mim é bom não sentir-me só e perdido na existência nem nas mãos do destino ou do azar. Tenho Alguém em quem posso confiar e a quem posso agradecer a vida.
No Evangelho de Jesus encontramo-nos com um Deus que, apesar da nossa falta de jeito, nos dá força para defender a nossa liberdade sem acabarmos por ser escravos de qualquer ídolo; para continuar a aprender sempre novas formas e mais humanas de trabalhar e de disfrutar, de sofrer e de amar. Para mim é bom poder contar com a força da minha pequena fé nesse Deus.
No Evangelho de Jesus encontramo-nos com um Deus que desperta a nossa responsabilidade para não nos desentendermos dos outros. Não poderemos fazer grandes coisas, mas sabemos que podemos contribuir para uma vida mais digna e mais ditosa para todos pensando sobre tudo nos mais necessitados e indefesos. Para mim é bom acreditar num Deus que me pregunta com frequência o que faço pelos meus irmãos. Faz-me viver com mais lucidez e dignidade.
No Evangelho de Jesus encontramo-nos com um Deus que nos ajuda a vislumbrar que o mal, a injustiça e a morte não têm a última palavra. Um dia, tudo o que aqui não pôde ser, o que ficou a meio, os nossos maiores anseios e os nossos mais íntimos desejos alcançarão em Deus a sua plenitude. A mim faz-me bem viver e esperar a minha morte com esta confiança.
Cada um de nós tem de decidir como quer viver e como quer morrer. Cada um há de escutar a sua própria verdade. Para mim não é o mesmo acreditar em Deus que não acreditar. A mim faz-me bem, fazer o caminho por este mundo sentindo-me acolhido, fortalecido, perdoado e salvo pelo Deus revelado em Jesus.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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