quinta-feira, 9 de abril de 2020

A vida ressurge em meio à morte


“Meu Deus, por que me abandonastes?”

Ele surgiu no meio dos seus – de nós – quando andávamos desgarrados como ovelhas, seguindo cada qual o seu caminho. Como passou fazendo o bem, decidimos segui-Lo. Como deu pão aos famintos e curou os doentes, quisemos fazê-lo Rei. De fato, nós O acompanhamos alegremente e planejamos estender no chão os nossos mantos e saudá-Lo com ramos de oliveira quando entrasse triunfante em Jerusalém.
Mas fomos colhidos por uma estranha tempestade, justamente quando cruzávamos o deserto, na travessia de quarenta dias que nos levaria ao Seu encontro. A tempestade era invisível, derrubava os mais fracos e atingia a todos sem distinção, embora alguns conseguissem levantar e seguir adiante. Movidos pelo Seu exemplo que tinham gravado no coração, muitos ajudavam os que caíam, embora não conseguissem salvar a todos. Com o coração traspassado, depois de enterrar nossos mortos e avançar a duras penas, chegamos a Jerusalém. Mas Ele não estava lá!
Disseram-nos que ele tinha tomado sobre si as enfermidades e os pecados do mundo e, por isso, tinha sido reputado como um castigado, ferido por Deus e humilhado. A tal ponto que o castigo que nos salvou pesou sobre Ele e suas chagas nos curaram. E morrera gritando: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Sl 22).
Desanimados, começamos a retornar sobre nossos passos. E enquanto caminhávamos de volta, tremia a terra e seus algozes tomavam consciência de que haviam assassinado o Filho de Deus. Acrescentou-se, então, à tristeza que sentíamos ao contar os nossos mortos, a dor de ter perdido Aquele em quem confiávamos.
Nossa tristeza era tanta que nem notamos que na escuridão do caminho surgiu uma grande luz. Percebemos então que estávamos lá, todos os que O amávamos, bem defronte a uma pedra que tinha fechado um sepulcro que já estava vazio. A luz O envolvia e ele nos dizia: “Ressuscitei e estou convosco”. Começamos a sorrir entre lágrimas e conseguimos, sim, ter uma Feliz Páscoa da Ressurreição.
Maria Elisa Zanelatto

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