segunda-feira, 20 de abril de 2020

Leitura Orante do Evangelho (21.04.2020)


Dia 21 de abril | Terça-feira | 2ª Semana do Tempo pascal
Evangelho segundo São João 3,7-15

A leitura orante da Bíblia é um jeito de iluminar e fecundar nossa vida cotidiana – ações, relações e decisões – com a Palavra de Deus.

Em tempos de restrições à convivência social, por apreço e proteção aos nosso semelhantes, a leitura orante pode ser um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência de celebrações virtuais.

A leitura orante da Palavra de Deus pode ser feita individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das redes sociais. Basta combinar a mídia e o horário mais adequados.

Sugerimos aqui os textos que a Igreja indica no seu calendário. Mas pode-se escolher outros textos, desde que tenham uma e se evite ficar apenas com os textos que agradam mais.
Que a Palavra encontre em cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente difíceis – pela pandemia e pelos desmandos no nosso país – produza muitos frutos.

(1)     Coloque-se em atitude de oração
·      Escolha o momento mais adequado e tranquilo desse domingo
·      Escolha o lugar no qual você se sente bem e tranquilo
·      Busque uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
·      Acenda uma vela e tome a bíblia delicadamente em suas mãos
·      Tome consciência de si mesmo e do momento que você vive
·      Faça silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
·      Invoque o Espírito Santo com um refrão, recite uma invocação, ou cante um mantra, como: Deus é amor! Arrisquemos viver por amor! Deus é amor, ele afasta o medo!

(2)     Leia o texto da Palavra de Deus
·      Leia com toda a sua atenção o texto escolhido ou sugerido
·      Leia o texto em voz alta (se possível)
·      Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
·      Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de Deus diz em si mesmo?
·      Recomponha na memória o que o texto diz, palavra por palavra, cena por cena: Nicodemos escutando sem entender que é preciso assumir sua incompletude, seu não saber, e deixar-se conduzir pelo sopro do Espírito; Jesus questionando o saber dominador e evasivo dos mestres e doutores; o convite a voltar nosso olhar ao amor universal e concreto que ele expressa no alto da cruz, a buscar em Deus crucificado por amor nossa grandeza e nossa maturidade.

(3)     Medite a Palavra de Deus
·      Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a na cena
·      Fique atento/a que esta palavra, fato ou cena desperta em você
·      Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai você
·      Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
·      Como você teria reagido diante da ironia de Jesus, questionando o saber no qual nos agarramos?
·      Você sente a tentação de criar imagem de Jesus a seu gosto?
·      O que significa, na situação de você vive hoje, voltar nosso olhar para a cruz, renascer em Jesus crucificado por amor?
·      Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a você

(4)     Reze com o texto lido e meditado
·      Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
·      Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de falar
·      Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a Deus
·      Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua resposta
·      Não se preocupe com raciocínios e frases bem articuladas
·      Também não corra atrás de sentimentos fortes
·      Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
·      Fixe seu olhar num crucifixo, eixe Jesus lhe falar e abraçar, fale a ele daquilo que se passa em sua vida e na vida do nosso povo
·      Peça a Jesus que revele a você o verdadeiro rosto de Deus, compassivo e solidário
·      Apresente a Deus sua vida e a vida das pessoas que você ama

(5)     Contemple a vida à luz da Palavra
·      Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de Deus
·      Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe fala
·      Perceba o que você precisa mudar a partir dessa meditação
·      Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
·      Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança
·      Como comportar-se de modo maduro e responsável em tempos de pandemia e distanciamento social, quando há grupos enlouquecidos propugnando por suspensão da democracia e medidas violentas e restritivas contra as pessoas indefesas?

(6)     Retorne à vida cotidiana
·      Se considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para ajudar na compreensão do texto lido
·      Recite o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência de oração desse dia.
·      Ou recite a invocação: Jesus, Maria e José, acolhei-nos, esclarecei-nos e acompanhai-nos!
·      Ou cante: Louvarei a Deus, seu nome bendizendo. Louvarei a Deus: à vida nos conduz...
·      Apague a vela e guarde a Bíblia
·      Deixe claro para você mesmo/a que a oração terminou
·      Volte para sua vida cotidiana e comece esta semana animado/a e iluminado/a pela Palavra de Deus

Subsídio

Continuamos com a cena que começamos a meditar ontem. Nicodemos, líder de um grupo de fariseus, se aproxima de Jesus cioso do seu saber. Ele via em Jesus um reformador corajoso da instituição religiosa. Mas Jesus responde, sem meias palavras, que o saber legalista que ele representa não abre as portas do reino de Deus.

Dizendo que, para entrar na dinâmica do Reino de Deus é preciso ser regenerado pelo amor crucificado e deixar-se conduzir pelo sopro do Espírito, Jesus insiste que o discípulo não pode estar amarrado a nada e ninguém, nem mesmo à Lei. E a Lei hoje é visível no código não escrito que nos faz indiferentes e concorrentes implacáveis.

Nicodemos pensa saber quem é Deus e o que é seu Reino; por isso, pergunta apenas “como” se pode chegar a Deus e instaurar seu Reino. Na verdade, seu saber vale pouco, porque não aprendeu a ser livre, e nem mesmo de onde vem Jesus ele sabe. Por isso, Jesus pergunta com ironia: “Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?”

Além de ostentar um saber limitado e enviesado, Nicodemos parece não ter fé, pois não sabe abrir-se às surpresas de Deus. E a surpresa de deus não é um segredo: é seu despojamento e desnudamento na cruz, para revelar e assinar sua aliança eterna com a humanidade. Este é o testemunho que Deus dá de si mesmo em Jesus, tanto naquilo que ele diz como naquilo que faz!

Em Jesus de Nazaré se revela o Filho de Deus, que “desceu” do céu, e, ao mesmo tempo, o Filho do Homem, que subiu ou foi elevado na cruz. Nesse movimento de descida para elevar, Deus se revela plenamente. E, neste mesmo dinamismo, o Homem revela a vocação para a qual foi criada. Por isso, todos os olhares convergem para a cruz. Este amor divinamente humano manifestado na cruz ocupa o lugar da Lei, e nele e dele precisamos renascer.
(Itacir Brassiani msf)

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