Dia 21 de abril | Terça-feira | 2ª Semana do
Tempo pascal
Evangelho segundo São João 3,7-15
A leitura orante da Bíblia é um jeito de iluminar e
fecundar nossa vida cotidiana – ações, relações e decisões – com a Palavra de
Deus.
Em tempos de
restrições à convivência social, por apreço e proteção aos nosso semelhantes, a
leitura orante pode ser um modo de não reduzir nossa fé à simples assistência
de celebrações virtuais.
A leitura orante da Palavra de Deus pode ser feita
individualmente ou em família, em grupo ou em comunidade, inclusive através das
redes sociais. Basta combinar a mídia e o horário mais adequados.
Sugerimos aqui os textos que a Igreja indica no seu
calendário. Mas pode-se escolher outros textos, desde que tenham uma e se evite
ficar apenas com os textos que agradam mais.
Que a Palavra encontre em
cada um de nós um terreno fecundo, e, mesmo nesses tempos inesperadamente
difíceis – pela pandemia e pelos desmandos no nosso país – produza muitos
frutos.
(1) Coloque-se em atitude de oração
· Escolha
o momento mais adequado e tranquilo desse domingo
· Escolha
o lugar no qual você se sente bem e tranquilo
· Busque
uma posição corporal que lhe ajude a concentrar-se
· Acenda
uma vela e tome a bíblia delicadamente em suas mãos
· Tome
consciência de si mesmo e do momento que você vive
· Faça
silêncio interior e ative o desejo de ouvir a Palavra de Deus
· Invoque
o Espírito Santo com um refrão, recite uma invocação, ou cante um mantra, como:
Deus é amor! Arrisquemos viver por amor! Deus é amor, ele
afasta o medo!
(2)
Leia o texto da
Palavra de Deus
· Leia com toda a sua atenção o texto escolhido ou
sugerido
· Leia o texto em voz alta (se possível)
· Releia o texto uma ou mais vezes (se necessário)
· Feche a bíblia e responda: O que este trecho da Palavra de
Deus diz em si mesmo?
· Recomponha na memória o que o texto diz, palavra por
palavra, cena por cena: Nicodemos escutando sem entender que é preciso assumir
sua incompletude, seu não saber, e deixar-se conduzir pelo sopro do Espírito;
Jesus questionando o saber dominador e evasivo dos mestres e doutores; o
convite a voltar nosso olhar ao amor universal e concreto que ele expressa no
alto da cruz, a buscar em Deus crucificado por amor nossa grandeza e nossa
maturidade.
(3) Medite a Palavra de Deus
· Reconstrua o cenário do texto, incluindo a si mesmo/a
na cena
· Fique atento/a que esta palavra, fato ou cena desperta
em você
· Saboreie interiormente aquilo que mais ressoa ou atrai
você
· Procure perceber: O que a Palavra de Deus diz a você hoje?
· Como
você teria reagido diante da ironia de Jesus, questionando o saber no qual nos
agarramos?
· Você
sente a tentação de criar imagem de Jesus a seu gosto?
· O
que significa, na situação de você vive hoje, voltar nosso olhar para a cruz,
renascer em Jesus crucificado por amor?
· Acolha serenamente a mensagem que o texto transmite a
você
(4) Reze com o texto lido e meditado
· Tome consciência de que este texto é Palavra de Deus
· Como Deus iniciou o diálogo, e agora é sua vez de
falar
· Não mude de assunto, pois sua palavra é sua resposta a
Deus
· Permita que o próprio Deus dirija a sua oração, a sua
resposta
· Não se preocupe com raciocínios e frases bem
articuladas
· Também não corra atrás de sentimentos fortes
· Procure perceber o que a Palavra de Deus lhe faz dizer a Deus?
· Fixe
seu olhar num crucifixo, eixe Jesus lhe falar e abraçar, fale a ele daquilo que
se passa em sua vida e na vida do nosso povo
· Peça
a Jesus que revele a você o verdadeiro rosto de Deus, compassivo e solidário
· Apresente
a Deus sua vida e a vida das pessoas que você ama
(5) Contemple a vida à luz da Palavra
· Procure contemplar a realidade do mundo com o olhar de
Deus
· Busque meios para colocar em prática o que Deus lhe
fala
· Perceba o que você precisa mudar a partir dessa
meditação
· Responda: O que Deus está pedindo que eu mude ou faça?
· Assuma um compromisso pessoal de conversão e mudança
· Como
comportar-se de modo maduro e responsável em tempos de pandemia e
distanciamento social, quando há grupos enlouquecidos propugnando por suspensão
da democracia e medidas violentas e restritivas contra as pessoas indefesas?
(6) Retorne à vida cotidiana
· Se
considerar conveniente, leia, na página seguinte, o subsídio proposto para
ajudar na compreensão do texto lido
· Recite
o Pai Nosso e a Ave Maria, ou faça uma oração pessoal que resuma a experiência
de oração desse dia.
· Ou
recite a invocação: Jesus, Maria e José, acolhei-nos,
esclarecei-nos e acompanhai-nos!
· Ou
cante: Louvarei a Deus, seu nome bendizendo. Louvarei
a Deus: à vida nos conduz...
· Apague
a vela e guarde a Bíblia
· Deixe
claro para você mesmo/a que a oração terminou
· Volte para sua vida cotidiana e comece
esta semana animado/a e iluminado/a pela Palavra de Deus
Subsídio
Continuamos
com a cena que começamos a meditar ontem. Nicodemos, líder de um grupo de
fariseus, se aproxima de Jesus cioso do seu saber. Ele via em Jesus um
reformador corajoso da instituição religiosa. Mas Jesus responde, sem meias palavras,
que o saber legalista que ele representa não abre as portas do reino de Deus.
Dizendo
que, para entrar na dinâmica do Reino de Deus é preciso ser regenerado pelo
amor crucificado e deixar-se conduzir pelo sopro do Espírito, Jesus insiste que
o discípulo não pode estar amarrado a nada e ninguém, nem mesmo à Lei. E a Lei
hoje é visível no código não escrito que nos faz indiferentes e concorrentes
implacáveis.
Nicodemos
pensa saber quem é Deus e o que é seu Reino; por isso, pergunta apenas “como”
se pode chegar a Deus e instaurar seu Reino. Na verdade, seu saber vale pouco,
porque não aprendeu a ser livre, e nem mesmo de onde vem Jesus ele sabe. Por
isso, Jesus pergunta com ironia: “Você é mestre em Israel e não entende essas
coisas?”
Além
de ostentar um saber limitado e enviesado, Nicodemos parece não ter fé, pois
não sabe abrir-se às surpresas de Deus. E a surpresa de deus não é um segredo:
é seu despojamento e desnudamento na cruz, para revelar e assinar sua aliança
eterna com a humanidade. Este é o testemunho que Deus dá de si mesmo em Jesus,
tanto naquilo que ele diz como naquilo que faz!
Em
Jesus de Nazaré se revela o Filho de Deus, que “desceu” do céu, e, ao mesmo
tempo, o Filho do Homem, que subiu ou foi elevado na cruz. Nesse movimento de
descida para elevar, Deus se revela plenamente. E, neste mesmo dinamismo, o
Homem revela a vocação para a qual foi criada. Por isso, todos os olhares
convergem para a cruz. Este amor divinamente humano manifestado na cruz ocupa o
lugar da Lei, e nele e dele precisamos renascer.
(Itacir
Brassiani msf)
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